Malha Rodoviária e Desafios de fiscalização
Alagoas conquistou um lugar de destaque ao ser reconhecida como a quarta melhor malha rodoviária do Brasil, segundo o IRIS – Indicadores Rodoviários Integrados de Segurança, um estudo recente do Observatório Nacional de Segurança Viária. No entanto, apesar do avanço na infraestrutura, o levantamento indica que os sistemas de gestão e fiscalização apresentam deficiências significativas, que podem agravar a letalidade no trânsito.
Com uma média geral de 2,57, Alagoas está abaixo da média nacional em áreas cruciais, como a integração dos municípios ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT), educação para o trânsito e fiscalização. Os dados mostram que, embora o Estado tenha obtido uma nota de 8,02 em Vias Seguras, garantindo cinco estrelas e a quarta posição no país, em Normatização e fiscalização, a nota foi alarmantemente baixa, apenas 0,8. Além disso, no quesito Mortalidade, a nota de 2,4 revela uma situação preocupante, mantendo Alagoas abaixo da média nacional.
Integração Municipal: Um Desafio Persistente
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A integração dos municípios ao SNT é uma questão que ainda desafia Alagoas. O engenheiro e perito em acidentes, Antônio Monteiro, destaca a gravidade do problema: “Apenas 19 municípios estão integrados ao SNT, e muitos deles não operam de maneira eficaz. A população, em geral, não percebe a fiscalização nas ruas.”
O cenário se torna ainda mais preocupante quando se observa a quantidade de motocicletas em circulação: mais de 150 mil unidades a mais do que o número de condutores habilitados. Essa situação indica um uso irregular dos veículos, refletindo a falta de controle e fiscalização.
Monteiro observa que as motocicletas são responsáveis por mais da metade das fatalidades no trânsito de Alagoas. “A velocidade excessiva, a vulnerabilidade do veículo e a falta de equipamentos de segurança são fatores que contribuem significativamente para essa tragédia”, afirma. Nas áreas rurais, as motos se tornaram o meio de transporte predominante, e é comum ver jovens, por volta de 11 ou 12 anos, pilotando em povoados e sítios, o que aumenta o risco de acidentes.
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A Necessidade de fiscalização Eletrônica e Educação no Trânsito
De acordo com Monteiro, a ausência de fiscalização eletrônica de velocidade tem sido um agravante no cenário atual. “Alagoas está há anos sem esse tipo de controle, o que deixa a situação ainda mais vulnerável.”
O advogado Emanuel Costa, que integra a Comissão de Mobilidade Urbana da OAB/AL, complementa que a falta de integração entre os municípios ao SNT compromete a segurança no trânsito. “Em cidades que possuem órgãos de fiscalização, como os de trânsito, os motoristas tendem a usar capacete, cinto de segurança e cadeirinhas para crianças. Por outro lado, em municípios que carecem dessa estrutura, há uma sensação de impunidade nas regras de trânsito”, esclarece.
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Apesar das preocupações, o IRIS aponta como um aspecto positivo a qualidade da malha viária alagoana, resultado de investimentos em duplicações, recapeamentos e aprimoramentos na sinalização. Monteiro ressalta que essa qualidade reforça a necessidade do que ele chama de tripé da segurança viária: engenharia, educação e fiscalização.
“Uma via bem sinalizada e com asfalto de qualidade diminui os riscos de acidentes. Entretanto, se não houver fiscalização e educação, motoristas que optam por beber e dirigir ou que excedem os limites de velocidade continuarão a colocar vidas em perigo,” conclui.