Luto no Teatro Brasileiro
Teuda Bara, uma das figuras mais icônicas do teatro brasileiro e fundadora do renomado Grupo Galpão, faleceu em decorrência de complicações de saúde, incluindo sepse e falência múltipla dos órgãos. A artista estava internada desde o dia 14 de dezembro no Hospital Madre Teresa, localizado na região Oeste de Belo Horizonte. Teuda completaria 85 anos no próximo dia 1º de janeiro.
Em uma nota sentida, o Grupo Galpão expressou sua profunda tristeza pela perda, afirmando que ‘a partida de Teuda representa uma perda imensurável para a companhia, o teatro brasileiro e todos que tiveram o privilégio de conviver com ela’. A homenagem também destacou a gratidão pela ‘alegria, força e luz raríssima que Teuda espalhou ao longo de tantos anos de vida e criação’. Para os artistas do grupo, dividir a trajetória com ela foi um ‘presente’ repleto de amor, generosidade e coragem artística.
A morte de Teuda Bara gerou repercussão significativa entre artistas mineiros. O estilista Ronaldo Fraga, em uma declaração tocante, ressaltou que ‘Teuda não sai de cena: sua presença e sua risada seguirão ecoando, teimosas, nos palcos e nas plateias — mesmo quando vazias — do teatro mineiro e do nosso coração’. Ele lembrou que a arte dela é eterna, uma verdadeira herança cultural.
Trajetória e Contribuições
Teuda Bara começou sua trajetória no mundo das artes ainda na infância, mas foi durante seus estudos em Ciências Sociais na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) que decidiu se lançar no teatro, que se tornaria seu verdadeiro ofício. Em 1982, junto com outros artistas da cena belorizontina, como Eduardo Moreira, Teuda fundou o Grupo Galpão, um marco na história teatral de Minas Gerais. O grupo surgiu após uma oficina com um consagrado coletivo de teatro da Alemanha, que inspirou Teuda e seus colegas a criarem suas próprias produções.
Em uma entrevista concedida há um ano para a série ‘Pausa pro Café’, promovida pelo Grupo Galpão, Teuda narrou com bom humor as origens da companhia. Ela recordou: ‘A gente só resolveu seu galpão quando os alemães foram embora e levaram tudo que a gente tinha – as pernas de pau, os figurinos, toda a produção, era deles, foi tudo para a Alemanha. Um dia, eu estou lá da minha casa, na Gameleira, e o Eduardo chega, parou o carro dele, uma Brasília amarela, e falou comigo: ‘Teuda, vamos fazer um grupo de teatro’. Eu disse: ‘Claro!’, e assim surgiu o Galpão.’
Teuda Bara, conhecida por sua risada contagiante, também teve importantes atuações na televisão e no cinema, expandindo seu legado artístico além dos palcos. O velório da artista será realizado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, a partir das 10h desta sexta-feira, 26 de dezembro. Ela deixa os filhos André e Admar, além de um vasto legado cultural que continuará a inspirar gerações futuras.
