Exploração na Margem Equatorial: Uma Nova Era para o Amapá
O governador do Amapá, Clécio Luís, expressou sua satisfação nesta segunda-feira (20) ao receber a notícia da concessão da licença pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Essa autorização permite que a Petrobras inicie a perfuração de poços para pesquisa exploratória no bloco FZA-M-59, localizado na bacia sedimentar da Foz do Amazonas, parte da promissora área costeira conhecida como Margem Equatorial.
“A notícia que tanto esperávamos chegou! O Ibama liberou a licença para a Petrobras iniciar a fase de pesquisas na Margem Equatorial. É um passo histórico rumo ao conhecimento sobre o potencial energético do Amapá e ao desenvolvimento da Amazônia!”, destacou o governador em suas redes sociais.
A Margem Equatorial possui reservas potenciais estimadas em até 16 bilhões de barris de petróleo, com a chance de produção de 1,1 milhão de barris por dia. Essa extensa área se estende desde a foz do rio Oiapoque, no extremo norte do Amapá, até o litoral norte do Rio Grande do Norte, configurando-se como uma das regiões mais promissoras do Brasil para a extração de combustíveis fósseis.
Considerada pelo governo federal como o “novo Pré-Sal da Amazônia”, a área em questão encontra-se a 500 quilômetros da foz do rio Amazonas e a 175 quilômetros da costa do Amapá.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que a exploração nessa região pode aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) do Amapá em até 61,2%, além de criar cerca de 54 mil postos de trabalho diretos e indiretos. O Observatório Nacional da Indústria da CNI aponta que o desenvolvimento da área poderá gerar 495 mil novas vagas de emprego formais e adicionar R$ 175 bilhões ao PIB, resultando em R$ 11,23 bilhões em arrecadações indiretas.
Cidades como Oiapoque, Calçoene, Amapá, Macapá, Itaubal e Santana figuram entre as principais beneficiadas, com expectativas de crescimento em setores como serviços, infraestrutura, habitação e capacitação técnica.
Uma Perspectiva de Soberania Energética
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltou que a pesquisa na Margem Equatorial é fundamental para a soberania energética do Brasil. “Fizemos uma defesa técnica sólida para que a exploração ocorra de maneira responsável, respeitando os mais altos padrões ambientais internacionais e trazendo benefícios reais para a população brasileira. O nosso petróleo é um dos mais sustentáveis do mundo, apresentando uma das menores pegadas de carbono”, afirmou o ministro em um vídeo divulgado em suas redes sociais.
Silveira também fez questão de agradecer à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que chefia a pasta à qual o Ibama está vinculado.
Divisão de Opiniões e Críticas ao Licenciamento
No entanto, a decisão do Ibama para a exploração de petróleo na Margem Equatorial gerou divisões na sociedade. Ambientalistas e cientistas manifestaram sua desaprovação, afirmando que o aval do órgão federal representa riscos sérios. Organizações da sociedade civil e movimentos sociais já anunciaram a intenção de recorrer ao Judiciário para contestar possíveis ilegalidades e falhas no processo de licenciamento.
Esses grupos também expressaram preocupação com os impactos negativos que a exploração pode ter na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), programada para o próximo mês em Belém. A Amazônia é considerada uma prioridade para a exclusão de combustíveis fósseis, devido a sua relevância para o clima e a biodiversidade global.
Por outro lado, entidades ligadas à indústria petrolífera celebraram a autorização concedida à Petrobras para realizar a pesquisa. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) destacou que a produção na região representa uma oportunidade de desenvolvimento econômico para o Brasil.
O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), que representa o setor de óleo, gás e biocombustíveis, também se manifestou positivamente, afirmando que a concessão da licença é um passo que trará ganhos econômicos significativos para o país.