Brasil Se Manifesta Contra tarifas Arbitrárias
No dia 23 de agosto, o embaixador Philip Gough, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, fez um discurso marcante na Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, condenando as tarifas “arbitrárias” que foram anunciadas e implementadas de forma caótica pelos Estados Unidos. O representante brasileiro expressou sua preocupação sobre o uso de medidas comerciais para interferir em assuntos internos de outras nações.
O Brasil recebeu o apoio de mais de 40 países, incluindo membros do Brics, da União Europeia e do Canadá, após a declaração de Gough. O discurso aconteceu em uma reunião do Conselho Geral da OMC, onde Gough, sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, referiu-se às tarifas como uma ameaça à economia global.
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Em 9 de julho, o governo americano anunciou um aumento de 50% nas tarifas para produtos brasileiros a serem vendidos nos Estados Unidos, com a taxação marcada para entrar em vigor em 1º de agosto. “Essas tarifas estão desestabilizando cadeias de valor globais e colocando a economia mundial em risco de uma espiral de preços altos e estagnação”, alertou Gough durante sua fala.
Além disso, ele enfatizou que sanções unilaterais desse tipo constituem uma violação dos princípios fundamentais que sustentam a OMC, essenciais para o funcionamento do comércio internacional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia anunciado que apresentaria um recurso à OMC como uma das estratégias para tentar bloquear a implementação dessas tarifas.
Desafios na Comunicação com o Governo Americano
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Desde que o presidente Lula mencionou a possibilidade de um recurso formal à OMC, observadores têm notado que o órgão de solução de controvérsias da instituição parece paralisado e sem a efetividade necessária para agir. Mesmo que uma decisão seja tomada, há preocupações quanto à sua capacidade de ser implementada.
A menos de uma semana da data limite para que os EUA apliquem as sobretaxas, os canais de negociação entre Brasil e Estados Unidos permanecem fechados. As informações indicam que as tratativas só poderão avançar com uma autorização do presidente Trump para abrir um canal oficial de diálogo.
Membros do governo brasileiro relataram que a situação está na Casa Branca, mas ainda sem uma previsão de resposta às iniciativas diplomáticas do Brasil. Esse silêncio nas comunicações formais tem gerado incertezas sobre a possibilidade de um desfecho favorável antes do prazo de 1º de agosto, levando a uma crescente desconfiança nas esferas políticas brasileiras quanto à reversão da sobretaxa.
Enquanto isso, a comunidade internacional observa atentamente esses desenvolvimentos na OMC, uma vez que o resultado pode influenciar não apenas as relações entre Brasil e Estados Unidos, mas também o clima econômico global. Com tensões comerciais crescendo, a expectativa está voltada para como o Brasil poderá navegar nessas complexas águas diplomáticas e quais serão as consequências para sua economia e comércio exterior.