Cenário Político em Foco
A menos de um ano das eleições de 2026, os bastidores da política alagoana se agitam à medida que os candidatos começam a se articular para conquistar uma das nove cadeiras disponíveis na Câmara dos deputados. Apesar do favoritismo que historicamente recai sobre os parlamentares que já ocupam mandatos, a expectativa é que novos rostos entrem na disputa, aproveitando-se de sua visibilidade, habilidade em articulação com suas bases e comunicação estratégica.
Essa análise é do especialista em política Marcelo Bastos, que prevê um cenário eleitoral com poucas mudanças significativas, mas com espaço aberto para eventuais surpresas. A formação das chapas será diretamente influenciada pelos apoios regionais e pela força das alianças entre grupos religiosos, empresariais e familiares, que certamente desempenharão um papel crucial na definição dos vencedores que representarão Alagoas em Brasília. Uma coisa é certa: nenhum candidato enfrentará essa disputa de forma isolada.
Vantagens dos deputados em Mandato
Conforme detalha Bastos, os deputados federais em exercício possuem uma vantagem notável: as emendas impositivas, que garantem aproximadamente R$ 60 milhões anuais para investimento em suas bases eleitorais. Este volume de recursos, que se acumula a R$ 240 milhões ao longo de um mandato, proporciona uma infraestrutura difícil de ser superada por candidatos iniciantes. “Esse capital financeiro assegura que eles tenham uma presença constante e uma capilaridade significativa nos municípios”, ressalta o analista político.
Atualmente, representam Alagoas na Câmara dos deputados os seguintes parlamentares: Arthur Lira (PP), Alfredo Gaspar (União Brasil), Luciano Amaral (PSD), Marx Beltrão (PP), Isnaldo Bulhões Jr (MDB), Paulão (PT), Daniel Barbosa (PP), Delegado Fábio Costa (PP) e Rafael Brito (MDB). Majoritariamente, esperam-se que busquem a reeleição, exceto por Arthur Lira e Alfredo Gaspar, que estão sendo cotados para disputar uma vaga no Senado.
Novas Apostas na Corrida Eleitoral
No campo dos novos candidatos, um movimento significativo está sendo liderado por JHC (PL), prefeito de Maceió. Embora não esteja concorrendo diretamente a uma vaga na Câmara, JHC planeja lançar sua esposa, Marina Candia, como candidata ao legislativo federal. Marina, uma comunicadora habilidosa, tem se posicionado cada vez mais nas redes sociais e, recentemente, conquistou um programa de rádio semanal em uma emissora da família Caldas, onde apresenta o quadro “Primeira-Dama Explica”.
Considerada uma embaixadora de programas sociais, como o Saúde da Gente, e idealizadora de iniciativas voltadas ao público feminino e infantil, Marina se torna uma das principais apostas do grupo de JHC. Vale lembrar que JHC já havia testado uma estratégia semelhante em 2022, com seu irmão, o médico JAC, que, mesmo não conseguindo uma cadeira, obteve uma votação expressiva. Diante do desgaste de outros membros da família Caldas, Marina emerge como uma opção viável nesse contexto.
Desafios e Potenciais Surpresas
Outro nome que pode surpreender é Gunnar Nunes, filho do pastor José Orisvaldo Nunes de Lima, presidente da Assembleia de Deus em Alagoas. Com forte ligação à bancada evangélica e experiência como chefe de gabinete do deputado estadual Mesaque Padilha (União Brasil), Gunnar tem uma penetração significativa entre os religiosos e pode mobilizar o eleitorado fiel dessa denominação, que possui templos espalhados por todos os municípios alagoanos.
Marcelo Bastos ressalta que outros deputados em seu primeiro mandato, como Daniel Barbosa (filho do prefeito de Arapiraca) e Rafael Brito (envolvido com a Educação no Estado), também devem ser competitivos. “A estrutura local, especialmente em cidades-polo como Arapiraca, pesa muito mais do que a atuação parlamentar em Brasília”, analisa.
No espectro da esquerda, Paulão (PT) tentará um novo mandato, mesmo com rumores de uma possível candidatura ao Senado, opção que Bastos considera improvável. Já o bolsonarista Delegado Fábio Costa deve seguir em sua busca pela reeleição, mantendo o nicho conservador que o levou ao Congresso.
A tendência, segundo o especialista, é de uma renovação mínima no legislativo. “Esse fenômeno só ocorreria se algum dos atuais desistisse ou migrasse para outro cargo. A disputa é dura para quem entra sem mandato e sem máquina política. No entanto, sempre existe espaço para uma ou duas surpresas”, conclui Bastos.