Vacina Nacional Contra a Dengue: Um Avanço Significativo
A Anvisa anunciou, nesta quarta-feira (26), um parecer favorável à segurança e eficácia da vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan. Este imunizante será o primeiro completamente nacional voltado para o combate à doença. A conclusão desse estudo abre caminho para que o Ministério da Saúde inclua a vacina no calendário nacional de vacinação, possibilitando o seu fornecimento exclusivo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é que a imunização esteja disponível em 2026, conforme a capacidade produtiva do laboratório.
Na próxima semana, o Ministério da Saúde se reunirá com um comitê de especialistas e gestores do SUS para discutir a estratégia de vacinação, definindo os grupos prioritários com base nos resultados do estudo. “A grande novidade agora é a disponibilização de uma vacina 100% nacional, o que nos permitirá estabelecer uma estratégia de proteção em todo o país. Este imunizante foi desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa WuXi, que foi essencial para aumentar a capacidade de produção. Sem essa colaboração, o Butantan não teria condições de atender à demanda, mas essa aliança torna isso viável, permitindo que, já no próximo ano, a vacina seja integrada ao Programa Nacional de Imunizações”, declarou Alexandre Padilha, ministro da Saúde.
Investimentos Significativos em Saúde Pública
O Ministério da Saúde destina mais de R$ 10 bilhões anualmente ao Instituto Butantan. Para a expansão da sua infraestrutura, que inclui a produção da vacina contra a dengue, foram alocados mais de R$ 1,2 bilhão através do Novo PAC Saúde, focando na ampliação da capacidade produtiva. O Brasil se destaca como o primeiro país a oferecer essa vacina no sistema público de saúde.
A pasta já distribui vacinas importadas para cerca de 2,7 mil municípios, tendo aplicado mais de 7,4 milhões de doses no público prioritário desde o início da campanha. Para 2025, o Ministério assegurou 9 milhões de doses da vacina atualmente em uso, com um esquema vacinal que requer duas aplicações para crianças e jovens de 10 a 14 anos. Além disso, outras 9 milhões de doses estão previstas para 2027.
Eficácia da Nova Vacina
A nova vacina utiliza a tecnologia de vírus vivo atenuado, uma abordagem segura já empregada em diversas vacinas eficazes no Brasil e no mundo. Os estudos mostraram que a vacina tem uma eficácia global de 74,7% contra a dengue sintomática na faixa etária de 12 a 59 anos. Isso indica que em cerca de 75% dos casos, a doença foi prevenida graças à vacina.
Além disso, a vacina demonstrou ter 89% de eficácia contra as formas graves da doença. A indicação aprovada é para pessoas de 12 a 59 anos, sendo que esta faixa etária poderá ser ampliada com o avanço de novas pesquisas realizadas pelo fabricante.
Cooperação Internacional na Produção do Imunizante
O registro da vacina é também um reflexo da cooperação estratégica entre Brasil e China. Durante uma missão oficial em outubro, o ministro Alexandre Padilha visitou a WuXi Vaccines, parceira do Instituto Butantan no desenvolvimento e na futura produção em larga escala do imunizante.
Essa colaboração fortalece a estratégia brasileira de inovação em imunobiológicos, com transferência de tecnologia e desenvolvimento conjunto. O novo imunizante protege contra os quatro sorotipos do vírus em uma única dose, representando um avanço significativo na luta contra a dengue no país.
O Cenário Epidemiológico da Dengue no Brasil
Apesar da significativa redução de 75% nos casos de dengue em 2025 em comparação ao ano anterior, o Ministério da Saúde reforça a necessidade de continuidade das ações de combate ao Aedes aegypti em todo o território nacional. Até outubro deste ano, o Brasil registrou 1,6 milhão de casos prováveis de dengue, refletindo uma queda expressiva em relação ao mesmo período do ano anterior. A maior concentração dos casos foi observada em São Paulo (55%), seguido de Minas Gerais (9,8%), Paraná (6,6%), Goiás (5,9%) e Rio Grande do Sul (5,2%).
Em relação aos óbitos, até outubro foram registrados 1,6 mil, apresentando uma diminuição de 72% em comparação ao mesmo período de 2024. São Paulo também lidera as estatísticas de mortes (64,5%), seguido por Paraná (8,3%), Goiás (5,5%), Rio Grande do Sul (3%) e Minas Gerais (8%).

