Mudança Impacta Benefícios e Garante Aumento em Poder de Compra
O governo federal anunciou um reajuste no salário mínimo, que passará a ser de R$ 1.621 a partir do dia 1º de janeiro. Essa alteração representa um aumento de R$ 103, considerando que o valor atual é de R$ 1.518. Com essa mudança, aqueles que recebem o salário mínimo ou benefícios atrelados, como o seguro-desemprego e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), já terão o novo valor em seus pagamentos a partir de fevereiro.
O salário mínimo é, por definição, a menor remuneração que um trabalhador formal pode receber no Brasil. A Constituição brasileira assegura aos trabalhadores, tanto urbanos quanto rurais, o direito a um salário mínimo que atenda às suas necessidades básicas, incluindo moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Além disso, a Constituição prevê que o salário mínimo deve ser reajustado periodicamente para preservar o poder aquisitivo dos trabalhadores.
Conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser de aproximadamente R$ 7.067,18 em novembro passado, o que equivale a 4,66 vezes o piso mínimo atual. Essa discrepância levanta discussões sobre a real eficácia do salário mínimo em sustentar uma família no Brasil.
Outro ponto importante é que, segundo a Constituição, o reajuste do salário mínimo tem que ocorrer, pelo menos, de acordo com a inflação, garantindo que os trabalhadores possam manter seu poder de compra. Se a inflação é de 10%, por exemplo, o salário mínimo deveria ser elevado em, no mínimo, 10% para compensar a alta nos preços. Nos governos anteriores de Michel Temer e Jair Bolsonaro, o reajuste foi pautado apenas pela inflação, sem considerar ganhos reais. A administração de Luiz Inácio Lula da Silva, por outro lado, promete um retorno à valorização do salário mínimo, ampliando os aumentos além da inflação.
Recentemente, alguns economistas argumentam que a desvinculação do piso dos benefícios previdenciários do salário mínimo poderia ser uma solução para conter o crescimento da dívida pública e, consequentemente, os juros que incidem sobre o setor produtivo. Essa proposta sugere que os benefícios deveriam ser corrigidos apenas pela inflação, o que, segundo esses especialistas, ajudaria a estabilizar a economia.
De acordo com uma nota técnica do Dieese, o salário mínimo é referência para cerca de 59,9 milhões de pessoas no Brasil, sendo crucial para a economia e, principalmente, para a classe trabalhadora. O aumento do salário mínimo não apenas impacta diretamente o valor recebido pelos trabalhadores, mas também influencia o chamado ‘salário médio’, uma vez que eleva o poder de compra da população.
Se o governo seguisse apenas a regra prevista na Constituição para correção pela inflação, o novo salário mínimo não superaria R$ 1.582, considerando uma inflação de 4,18% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) até novembro. No entanto, a administração Lula, já durante a campanha, havia se comprometido a reverter essa lógica, reimplementando a política de valorização do salário mínimo.
Para 2023, uma medida provisória aprovada pelo Congresso incluiu esse mecanismo na legislação. Assim, o reajuste do salário mínimo levará em conta tanto a inflação do ano anterior, de 4,18%, quanto o crescimento do PIB previsto para 2024, estimado em 3,4%, resultando em um salário mínimo de R$ 1.636. Essa fórmula considera a inflação acumulada mais um aumento real limitado a 2,5%, elevando o piso para R$ 1.621 até 2026.
Entretanto, é importante ressaltar que o aumento do salário mínimo também implica um aumento nos gastos do governo, uma vez que benefícios previdenciários, abono salarial e seguro-desemprego não podem ser inferiores ao valor do salário mínimo.

