A Síria e a Ameaça de Conflitos Regionais
Em meio a uma crescente onda de violência na Síria, o presidente Ahmed al-Sharaa declarou que o país não teme um confronto militar com Israel. A afirmação foi feita na última quinta-feira, após ataques israelenses que atingiram a capital Damasco, levantando preocupações sobre a estabilidade regional.
Al-Sharaa acusou Israel de buscar desestabilizar a Síria por meio de bombardeios recentes, alegando que esses ataques foram uma tentativa de minar a soberania Síria. Nos últimos dias, a Síria tem enfrentado conflitos étnicos intensos, com mais de 300 mortes registradas desde 11 de julho, envolvendo a minoria drusa e tribos beduínas na região.
A Escalada da Violência e a Resposta do Governo
Para tentar controlar a situação, o governo sírio, sob a liderança de al-Sharaa, enviou tropas para a região de Sweida, onde os confrontos têm sido mais intensos. Contudo, as forças militares acabaram se unindo aos beduínos contra os drusos, uma etnia que historicamente mantém laços com Israel. Essa dinâmica tem gerado ainda mais tensão na área.
Os ataques israelenses, segundo relatos, foram motivados por alegações de perseguição contra os drusos. Israel lançou uma série de ofensivas contra alvos estratégicos na Síria, incluindo a sede do exército e o Palácio Presidencial em Damasco. Essas ações levantam questões sobre as consequências para a segurança do país e a possibilidade de um conflito mais amplo na região.
Posição do Presidente Sírio
Em um discurso televisionado de cerca de seis minutos, al-Sharaa discutiu os desafios enfrentados pela Síria desde a queda de Bashar al-Assad, em dezembro do ano passado. Apesar do recente cessar-fogo anunciado em Sweida, ele indicou que a Síria está preparada para enfrentar confrontos diretos, afirmando: “Não temos medo da guerra e dedicamos nossas vidas a enfrentar desafios e defender nosso povo”.
O presidente sírio enfatizou a importância de priorizar os interesses da população em meio ao caos e à destruição. Ele destacou que a escolha prudente neste momento é proteger a unidade da pátria e a segurança do povo sírio, reiterando que a estabilidade é fundamental para o futuro do país.
Conflitos Étnicos: A Dinâmica Complexa
Nesta semana, a escalada da violência foi exacerbada por incidentes envolvendo beduínos árabes sunitas, que atacaram e roubaram um druso na província de Sweida. Como retaliação, milícias drusas sequestraram beduínos, o que levou a um ciclo de violência quase incontrolável. A resposta do governo, que incluiu o envio de tropas para a região, resultou em um inesperado confronto com os drusos, evidenciando a complexidade das relações étnicas na Síria.
Al-Sharaa, sem mencionar diretamente os drusos, alegou que seu governo teve êxito em “restaurar a estabilidade e expulsar facções ilegais” do território. O processo de restauração da ordem, conforme descrito por ele, começou em janeiro, com a dissolução de partidos e grupos armados que deveriam ser integrados nas forças governamentais. No entanto, essa abordagem não foi bem recebida por parte da população drusa, que permanece cética em relação às intenções do novo governo, composto por figuras associadas ao Hayat Tahrir Al-Sham (HTS).