Desvendando a Realidade dos Motoristas de App em Alagoas
Para alcançar um lucro bruto em torno de R$ 2,1 mil semanalmente, os motoristas de aplicativo em Alagoas precisam dedicar cerca de 12 horas diárias ao trabalho, sem interrupções, nem mesmo aos finais de semana. Além disso, é essencial ter uma estratégia eficiente, o que envolve aceitar as corridas mais vantajosas e optar por veículos que façam menos consumo de combustível. Caso contrário, a situação pode se agravar, resultando em prejuízos.
Vale lembrar que essa média de R$ 300 por dia não considera os custos com combustível, manutenção do veículo e alimentação dos motoristas. Alex Félix, presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativo do Estado de Alagoas (Ampaeal), explica que os motoristas precisam buscar alternativas para minimizar os custos diários e enfrentar a baixa remuneração. “É importante encontrar locais mais baratos para realizar a manutenção do carro e identificar os horários em que as tarifas estão mais altas. É uma questão de estratégia para melhorar os ganhos e saber quando realmente vale a pena trabalhar”, ressalta Alex.
A Importância do Combustível e Veículos Econômicos
Quando se fala em despesas com combustíveis, Alex destaca que uma das alternativas para economizar é o uso do GNV (Gás Natural Veicular) e, mais recentemente, a adoção de carros elétricos, que têm se mostrado promissores para a redução dos custos operacionais nas ruas.
A remuneração dos motoristas flutua conforme o tempo que eles permanecem trabalhando nas ruas. Para quem opta por uma jornada integral, rodando cerca de 12 horas por dia, sete dias por semana, o rendimento bruto pode alcançar R$ 2,1 mil por semana. “Isso resulta em aproximadamente R$ 8,4 mil brutos por mês, considerando 30 dias de trabalho ininterrupto. No entanto, para quem trabalha apenas de segunda a sexta, esse valor cai em torno de R$ 1,5 mil por semana, totalizando cerca de R$ 6 mil mensais”, explica o presidente da Ampaeal.
Alternativas e Complementos de Renda
Fillipi Kauê, um dos motoristas da plataforma, ressalta que depender exclusivamente dos aplicativos não é uma opção viável. “A grande maioria dos motoristas que continuam a trabalhar, como eu, não se sustenta apenas com as corridas do app. Temos que buscar alternativas. O aplicativo muitas vezes é apenas uma fonte complementar de renda. Além de rodar com o app, eu realizo translados entre hotéis, aeroportos e resorts, e quando não tenho essas corridas, utilizo as opções do aplicativo”, compartilha Fillipi.
Um Cenário Preocupante para os Motoristas de Aplicativo
Um levantamento realizado pela Gigu, uma plataforma que ajuda motoristas a calcular a lucratividade das corridas, revelou que 92% dos motoristas estão endividados, e em 68% dos casos, as dívidas comprometeram despesas essenciais como alimentação, moradia e contas domésticas. Em média, motoristas de aplicativo em todo o Brasil trabalham cerca de 52 horas por semana, mas em grandes capitais, como São Paulo, essa carga horária pode chegar a 60 horas. Mesmo assim, o lucro líquido não ultrapassa R$ 4,1 mil por mês.
Em Maceió, por exemplo, onde o custo por quilômetro rodado é elevado, a renda líquida média mensal é de apenas R$ 1,8 mil. Em comparação, cidades como Manaus (AM) e Pelotas (RS) registraram os piores resultados, com um lucro médio de apenas R$ 2,2 mil ao mês. A realidade é desafiadora e destaca a necessidade de uma reflexão sobre a viabilidade econômica da profissão.