Superando a Crise no Congresso Nacional
No que foi considerado um dos episódios mais tensos do Congresso Nacional nos últimos anos, dois deputados de Alagoas brilharam ao demonstrar por que são peças-chave no intricado tabuleiro político de Brasília. Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, e Isnaldo Bulhões Júnior (MDB-AL), que lidera o MDB no Congresso, tiveram um papel decisivo na resolução da crise que paralisou os trabalhos legislativos nesta semana. O cenário conturbado começou quando parlamentares da ala bolsonarista ocuparam a Mesa Diretora da Câmara, recusando-se a desocupar o plenário.
O resultado político desse episódio é evidente: Lira emerge fortalecido, reafirmando sua imagem como um articulador implacável, enquanto Isnaldo se firma como um operador confiável, atuando com destreza tanto na linha de frente quanto nas negociações. A situação também deixa claro para Alagoas que seus representantes em Brasília têm a habilidade de abrir e fechar portas quando a estabilidade institucional está em risco.
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A Gênese da Crise
A crise teve início na terça-feira (5), quando deputados da oposição decidiram protestar contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em um ato inédito, os manifestantes tomaram assento na mesa da presidência e obstruíram as sessões, exigindo a votação imediata de pautas sensíveis, como a anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e a revogação do foro privilegiado.
Enquanto isso, o Presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tentou em vão persuadir o grupo a deixar a ocupação. Nesse cenário tumultuado, Isnaldo Bulhões assumiu a frente da situação. Ele não apenas abriu caminho pelo plenário conturbado, mas também conduziu Motta de volta à sua cadeira, simbolizando a retomada do controle da Casa.
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Com uma postura firme, mas diplomática, Isnaldo enfatizou que ceder a exigências feitas sob pressão criaria um perigoso precedente. “Não foi uma movimentação legítima. A Casa precisa funcionar, e todos aqui vieram a Brasília para trabalhar”, afirmou.
A Habilidade de Articulação de Lira
Nos bastidores, a solução definitiva para a crise veio de outra direção. A habilidade de articulação política de Arthur Lira foi acionada pela liderança da oposição. Reconhecido como uma das vozes mais influentes do Centrão, Lira recebeu os líderes da oposição em seu gabinete e costurou um acordo que pôs fim à ocupação, evitando que a situação se transformasse em um confronto aberto ou em um desgaste institucional ainda maior.
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A negociação envolveu pautas delicadas, como a PEC das Prerrogativas — que restringe a abertura de ações penais contra parlamentares sem autorização do Congresso e limita prisões em flagrante — além de discussões sobre mudanças no foro privilegiado. Embora a anistia aos réus dos desmandos de 8 de janeiro não tenha sido incluída no acordo, o tema continua a ser uma bandeira levantada pela oposição.
O fato de a oposição ter recorrido a Lira, e não diretamente a Motta, foi visto por alguns como uma demonstração de que a influência do deputado alagoano continua forte, mesmo fora da presidência da Câmara. Um dos líderes do movimento ironizou a situação, comentando: “O café de Motta é frio; o de Lira sempre foi quente”.