Policiais Acusados e Detalhes do Caso
A justiça de São Paulo decidiu, nesta terça-feira (5), tornar réus os dois policiais militares envolvidos na morte de Jeferson de Souza, de 24 anos, morador de rua natural de Alagoas. O crime ocorreu sob o Viaduto 25 de Março, no Brás, no dia 13 de junho, quando Jeferson foi executado com três tiros de fuzil. Imagens capturadas pela câmera corporal de um dos PMs, divulgadas recentemente, revelam momentos angustiantes, mostrando a vítima rendida e chorando antes de ser baleada.
O Ministério Público apresentou a denúncia contra o tenente Alan Wallace dos Santos Moreira, responsável pelos disparos, e o soldado Danilo Gehrinh, que estava operando a câmera e tentou obstruir a gravação durante o crime. Alan enfrentará acusações de homicídio doloso qualificado, com agravantes por motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Danilo será julgado por sua participação na ação.
Contradições e Repercussão
As imagens da câmera mostram uma narrativa completamente oposta à versão inicial apresentada pelos policiais. Eles alegaram que Jeferson teria tentado tomar a arma de um deles. Porém, o vídeo — exclusivo da TV Globo — revela o jovem em uma posição vulnerável, com as mãos na cabeça e sem qualquer resistência no momento em que os disparos foram efetuados.
Os disparos atingiram Jeferson na cabeça, no tórax e no braço direito. Antes de sua execução, ele foi levado para trás de uma pilastra, após descer de uma árvore, onde ficou visivelmente rendido e vulnerável.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo determinou a prisão imediata dos policiais envolvidos, que já estavam detidos desde o mês passado. Eles enfrentarão acusações de homicídio doloso, falsidade ideológica e obstrução da justiça.
O Contexto Pessoal e a Reação da Família
O caso, que traz à tona discussões sobre a brutalidade policial e os direitos humanos, é objeto de investigação por um Inquérito Policial Militar (IPM). A Polícia Militar de São Paulo emitiu uma nota oficial repudiando as ações dos agentes. O advogado de Alan, João Carlos Campanini, defende que a ação foi uma legítima defesa. Por outro lado, a defesa de Danilo Gehrinh não se pronunciou sobre a situação.
Jeferson era natural de Craíbas, uma cidade no interior de Alagoas, e havia se mudado para a capital paulista em 2019, após a morte de sua mãe. Sua irmã, Micaele Soares, revelou que ele buscava trabalho e melhores oportunidades, mas acabou se envolvendo com drogas nos últimos dois anos. “Ele me disse que queria ir embora, que queria sair dessa vida”, desabafou Micaele, expressando sua tristeza e a dor da perda.