Medidas de Proteção em Foco
Nesta sexta-feira (1º), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo brasileiro não tem planos de retaliar os Estados Unidos após a imposição de tarifas elevadas pelo presidente Donald Trump. Em entrevista, Haddad enfatizou que a estratégia do Brasil será voltada para ações que visam ‘atenuar os efeitos’ das novas tarifas sobre a indústria e o agronegócio nacional.
“Não houve desistência da decisão de retaliar porque essa decisão não foi tomada. Nós nunca usamos esse verbo para caracterizar as ações que a economia brasileira irá adotar. São ações de proteção da soberania, da nossa indústria e do nosso agronegócio”, declarou o ministro aos repórteres.
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Haddad salientou que o governo não pretende acionar a lei da reciprocidade, recentemente sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que permite contramedidas em resposta a retaliações comerciais externas. Assim, o Brasil continuará seguindo as diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC), que proíbe tarifas discriminatórias direcionadas a países específicos.
“Entendemos que existem canais competentes para defender nossos interesses na OMC e na justiça americana, onde empresários de ambos os países estão buscando proteger seus interesses. É fundamental explorar também os canais diplomáticos para mitigar os efeitos desta decisão na economia brasileira”, acrescentou Haddad.
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Consequências das tarifas Americanas
Durante a conversa, o ministro avaliou que as tarifas impostas por Trump são “deliberadamente políticas” e que sua implementação teve um impacto significativo sobre o comércio bilateral. O decreto assinado na quarta-feira (30) elevou a alíquota sobre produtos brasileiros para 50%, mas também incluiu uma lista de 700 exceções que beneficiam setores estratégicos como o aeronáutico e o energético, além de partes do agronegócio.
Haddad comentou que, apesar da lista de exceções, o cenário ainda é desafiador, com setores enfrentando situações dramáticas em decorrência das novas tarifas. “Na quinta-feira (31), ao analisarmos o decreto, percebemos que as exceções foram mais favoráveis do que o esperado, mas isso não minimiza as dificuldades enfrentadas por certos segmentos”, afirmou.
De acordo com o vice-presidente Geraldo Alckmin, aproximadamente 35,9% das exportações brasileiras para os EUA estarão sob a nova tarifa de 50%, o que representa um impacto considerável no comércio entre as nações. À medida que o Brasil navega nesse novo cenário econômico, será essencial monitorar as reações do governo e as estratégias que serão adotadas para proteger seus interesses no comércio internacional.