Proteção em vez de Retaliação
Nesta sexta-feira (1º), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou que o governo federal não tem a intenção de retaliar os Estados Unidos em decorrência do recente aumento de tarifas imposto pelo presidente Donald Trump. Em declarações à imprensa, Haddad destacou que as futuras medidas do governo estarão voltadas para proteger a indústria e o agronegócio nacional, visando mitigar os impactos das novas regras comerciais.
“A decisão de retaliar não foi tomada, pois, na verdade, nunca utilizamos essa palavra para descrever as ações que o Brasil vai implementar”, assegurou Haddad. Ele reforçou que o foco será em ações de proteção à soberania do país, assegurando os interesses da indústria e do agronegócio.
O ministro ressaltou que as medidas que estão sendo planejadas são reações a uma “ação injustificável” e têm como objetivo a proteção da economia e da soberania brasileira. Haddad criticou a utilização do termo “retaliação” no contexto das decisões econômicas do governo, afirmando que essa expressão não tem lugar no discurso oficial.
Com essa perspectiva, Haddad indicou que o Brasil não deverá ativar a lei da reciprocidade, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em abril, que estabelece contramedidas em resposta a retaliações comerciais externas.
Seguindo as Normas da OMC
Atualmente, o Brasil mantém sua adesão às diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC), que proíbem a aplicação de tarifas discriminatórias contra países específicos. No entanto, a nova legislação disponibiliza ao Brasil ferramentas legais para responder a ações que sejam consideradas injustas, como o tarifaço imposto por Trump.
“Acreditamos que há canais adequados para que o Brasil defenda seus interesses na OMC, assim como no sistema judiciário americano, onde empresários de ambos os países estão buscando garantir seus direitos”, comentou Haddad. Ele também mencionou a importância de buscar soluções diplomáticas para amenizar os efeitos da tarifa sobre a economia brasileira.
Durante a coletiva, Haddad expressou sua avaliação de que as tarifas aplicadas pelo governo republicano são de natureza política e deliberada.
Consequências das Novas tarifas
O decreto assinado por Donald Trump na quarta-feira (30) aumentou a alíquota sobre produtos brasileiros para 50%, embora tenha apresentado uma lista de 700 exceções que beneficiam setores estratégicos, como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio. Na quinta-feira (31), Haddad afirmou que, levando em conta as exceções, o decreto foi mais favorável do que o temido inicialmente, mas alertou que existem setores severamente impactados.
O vice-presidente Geraldo Alckmin estimou que aproximadamente 35,9% das exportações brasileiras destinadas aos EUA serão afetadas pela nova tarifa de 50%. Em meio a esse cenário, o governo brasileiro continua avaliando a melhor forma de proteger seus setores produtivos e garantir a estabilidade econômica.