Crescimento do Endividamento em Maceió
O número de famílias endividadas em Maceió cresceu 20% em junho deste ano, se comparado ao mesmo mês do ano anterior, passando de 205.898 para 248.587, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Esta pesquisa foi realizada pelo Instituto Fecomércio AL em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Além disso, em relação a maio, houve um aumento de 1%, com a proporção de famílias endividadas saltando de 80% para 80,8%. Em um comparativo mais amplo, o aumento foi ainda mais significativo, registrando uma alta de 20,4%, em contraste com os 67,1% observados em junho de 2024.
Essa escalada no nível de endividamento revela uma tendência de maior acesso ao crédito ou ao consumo financiado, de acordo com a análise do Instituto. Francisco Rosário, assessor econômico do Instituto Fecomércio AL, ressalta que “o crescimento pode refletir a necessidade de recorrer ao endividamento para manter o padrão de vida diante de pressões econômicas”.
Desafios Financeiros Persistem
Apesar do aumento no endividamento, um dado positivo emergiu: o percentual de famílias com contas em atraso caiu de 41% em maio para 40,3% em junho, resultando em uma variação de -1,7%. No entanto, o estudo também indicou um aumento para 10,5% no número de famílias que afirmaram “não ter condições de pagar suas dívidas”, um crescimento em relação aos 9,5% registrados em maio. “A capacidade de manter os pagamentos em dia ainda é um desafio para uma parte significativa da população. O mês de junho trouxe um alerta sobre o aumento do risco de inadimplência”, observa Rosário.
Um outro dado relevante mostra que o número de famílias consideradas “muito endividadas” apresentou uma queda de 3,38%, indicando possíveis esforços para renegociar ou quitar dívidas mais pesadas. Por outro lado, as categorias de endividamento mais leves aumentaram, com os “mais ou menos endividados” crescendo 2,84% e os “pouco endividados” subindo 2,89%. Contudo, a proporção de famílias que “não possuem dívidas” caiu de 20% para 19%.
Disparidade por Faixa de Renda
Quando analisadas por faixa de renda, as famílias que recebem até 10 salários mínimos (SM) apresentaram um crescimento de 1,0% no nível de endividamento, enquanto aquelas com renda superior a 10 SM experimentaram uma redução de 1,8%.
Cartão de Crédito continua Dominando
O cartão de crédito permanece como o tipo de dívida mais comum, com 99,4% de preferência entre os consumidores. Em segundo lugar, os carnês de lojas tiveram um aumento considerável, saltando de 20% para 32,9%, resultando em uma alta de 64,5% no uso desse tipo de crédito em relação ao ano passado. “Isso indica que o comércio está buscando outras formas de crédito para um consumidor que já se encontra com o limite de crédito bancário tradicional próximo do fim”, analisa o economista.
Outras modalidades de crédito incluem crédito pessoal (6,8%), financiamento de carro (5,6%), financiamento de casa (5,5%), e outras dívidas (3,9%), além de crédito consignado (0,5%). A inadimplência total em junho atingiu 40,3% das famílias, com uma queda geral de 1,7% em comparação ao mês anterior. Esta redução foi observada em 1,6% entre as famílias de menor renda e permaneceu estável para aquelas de maior renda.