Crescimento Abaixo do Esperado
As tensões comerciais com os Estados Unidos estão em alta, e enquanto o setor de exportações da China experimenta um crescimento considerável, a economia interna enfrenta desafios significativos. Os dados que serão divulgados na próxima segunda-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 4,7% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior, uma baixa em comparação aos 5,2% registrados no trimestre anterior, conforme a estimativa mediana de uma pesquisa da Bloomberg.
Adicionalmente, as vendas no varejo mostraram um crescimento modesto de apenas 3% em setembro, e a produção industrial teve um aumento de 5%, ambos os resultados mais fracos do ano. Essa situação sugere que, apesar do boom nas exportações, a economia chinesa está enfrentando um período de estagnação.
Desafios nos Investimentos e na Produção
Os investimentos em ativos fixos na China estagnaram nos primeiros nove meses de 2025, em relação ao mesmo período do ano anterior. A queda contínua desses investimentos, que já dura desde maio, levanta preocupações sobre a sustentabilidade do crescimento econômico. Mesmo com expansões nas linhas de crédito do governo para estimular os gastos das autoridades locais, os investimentos em infraestrutura não têm sido suficientes para compensar a desaceleração nos setores de habitação e industrial.
Além disso, o investimento estrangeiro direto viu uma queda alarmante de quase 13% nos primeiros oito meses do ano, levando a uma expectativa de que a China registre sua terceira ano consecutivo de retração nesse indicador. Este cenário é agravado pelo contexto de crise no setor imobiliário e uma deflação persistente, fatores que têm desestimulado os investidores.
Demanda Externa como Um Alívio
Por outro lado, as exportações têm se mostrado uma fonte de alívio em meio a essa fragilidade econômica. O superávit da balança comercial de bens atingiu um recorde de US$ 875 bilhões até agora em 2025, contribuindo de forma significativa para a economia. Essa situação evidencia a dualidade da economia chinesa, que, enquanto enfrenta problemas internos, ainda obtém resultados positivos no comércio internacional.
Perspectivas e Preparações para o Futuro
Essas questões econômicas devem ser tópicos centrais na próxima reunião do partido, o quarto plenário, que ocorrerá em Pequim. O encontro está previsto para definir as prioridades que orientarão o próximo plano quinquenal (2026–2030), em um momento em que governos e investidores globais pressionam por uma mudança na abordagem econômica da China, com ênfase na promoção do consumo interno.
Um especialista econômico, que pediu para permanecer anônimo, destacou que “Pequim agora enfrenta obstáculos estruturais profundos — desde o enfraquecimento dos motores de crescimento até a longa crise do setor imobiliário e a constante deflação, situações muito distintas dos desafios temporários apresentados pela pandemia no último plano quinquenal”.
Avisos do FMI sobre o Futuro
O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve sua previsão de crescimento para a China em 2025 em 4,8%, mas espera uma desaceleração para 4,2% em 2026, o que está em linha com as projeções medianas dos economistas consultados pela Bloomberg. Os analistas do FMI alertaram que as “perspectivas da China continuam fracas”, destacando que “o investimento em imóveis continua encolhendo, enquanto a economia está à beira de um ciclo de dívida e deflação”.
Para lidar com esses desafios, o FMI sugere um reequilíbrio em direção ao consumo das famílias, o que inclui a implementação de medidas fiscais que priorizem gastos sociais e no setor imobiliário. Eles também recomendam a redução das políticas industriais para ajudar a diminuir os superávits externos e aliviar as pressões deflacionárias internas. A complexidade da situação demanda atenção cuidadosa das autoridades econômicas chinesas, especialmente à medida que se aproxima o novo plano quinquenal.