Desempenho do Mercado de Trabalho
Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre encerrado em julho. Essa marca, divulgada na última terça-feira (16), representa o menor índice desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que teve início em 2012. Apesar do cenário de juros elevados, o mercado de trabalho se mostra resistente e aquecido, conforme os especialistas.
Anteriormente, a taxa de desemprego era de 6,6% nos três meses até abril, o que torna a queda atual ainda mais significativa. O número de desempregados, que agora totaliza 6,1 milhões, caiu em 1 milhão (-14,2%) em relação ao trimestre anterior. Este número é o mais baixo desde o final de 2013, conforme revelado pelo IBGE. O grupo de desempregados é composto por indivíduos com 14 anos ou mais que estão sem trabalho e à procura de uma ocupação.
Crescimento da População Ocupada
Por outro lado, a população ocupada, que abrange aqueles que exercem atividades remuneradas, atingiu um novo recorde, somando 102,4 milhões de pessoas. Este aumento foi de 1,2 milhão (+1,2%) em comparação ao trimestre finalizado em abril. O nível de ocupação, que reflete a proporção de pessoas que estão trabalhando em relação ao total da população acima de 14 anos, manteve-se em 58,8%, marcando um novo patamar histórico.
William Kratochwill, analista do IBGE, destacou que o mercado de trabalho continua a demonstrar características de expansão e resiliência. Entre os setores que mais contribuíram para esse crescimento, a administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais apresentaram um aumento de 522 mil postos de trabalho em comparação ao trimestre anterior. O setor educacional, especialmente, foi responsável por aproximadamente 41% desse crescimento.
Setores em Alta e Redução da Informalidade
A pesquisa também indicou crescimento na ocupação em áreas como informação, comunicação, atividades financeiras e administrativas (+260 mil) e na agricultura e pecuária (+206 mil). Outro dado importante é a diminuição da informalidade, que recuou para 37,8%, comparado a 38% no trimestre anterior. Esse indicador representa o percentual de trabalhadores que atuam sem registro formal.
O IBGE observou que essa redução se deve, em parte, à criação de novas vagas de trabalho formal. O número de empregados com carteira assinada no setor privado aumentou para 39,1 milhões, um leve avanço de 0,7% (+261 mil) em relação ao trimestre anterior, renovando o maior patamar da série. Além disso, também foram registradas máximas no setor público (12,9 milhões) e entre trabalhadores autônomos (25,9 milhões), que avançaram 3,4% (+422 mil) e 1,9% (+492 mil), respectivamente.
Impacto dos Microempreendedores e Renda Média
A maioria dos trabalhadores autônomos (19 milhões) ainda é informal. No entanto, o crescimento foi mais expressivo entre os autônomos com registro (CNPJ), que somaram 6,9 milhões. Kratochwill sugeriu que o aumento dos microempreendedores individuais (MEI) pode ter impulsionado esse crescimento, uma vez que esse status proporciona acesso a serviços financeiros e outras vantagens.
Além disso, a renda média recebida pela população ocupada no trimestre até julho foi estimada em R$ 3.484, o que representa um aumento de 1,3% em relação ao trimestre anterior (R$ 3.438) e um crescimento de 3,8% comparado ao mesmo período do ano passado (R$ 3.356). Segundo o banco Itaú, os dados continuam a refletir um mercado de trabalho forte e resiliente.
Vale ressaltar que o índice de desemprego já havia registrado 5,8% no trimestre até junho, evidenciando a queda abaixo de 6% pela primeira vez na série. Economistas afirmam que esta redução é um reflexo do desempenho positivo da economia, impulsionada por medidas governamentais de estímulo e transformações demográficas que afetam o mercado de trabalho.
Com a geração de empregos e a consequente melhoria na renda, o consumo tende a aumentar, o que, por sua vez, pode gerar pressão sobre a inflação. Para controlar essa situação, o Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente se encontra em 15% ao ano.