A crise que Abalou o Azulão
Neste domingo, 7 de setembro, o CSA completa 112 anos em um clima de luto e reflexão, marcando um dos momentos mais difíceis de sua trajetória. Em vez de festa, a celebração é ofuscada pelo rebaixamento à Série D do Campeonato Brasileiro e a renúncia da presidente Mírian Monte. A crise institucional e esportiva atingiu o clube de maneira sem precedentes, mas mesmo assim, a esperança de renascimento persiste entre os torcedores, repleta do lema azulino: “União e Força”.
Desafios Administrativos e Esportivos
A queda para a quarta divisão, confirmada após a negativa do STJD em anular o polêmico jogo entre Guarani e Anápolis — onde o time goiano jogou por alguns minutos com 12 jogadores — expôs falhas administrativas e técnicas acumuladas ao longo dos anos. A eliminação precoce na Série C, a falta de reforços adequados e a ausência de um protagonismo regional criaram um cenário desolador para o CSA.
O Conselho Deliberativo agiu rapidamente, afastando toda a diretoria e, no dia seguinte, Mírian Monte apresentou sua renúncia. Sem liderança e com as feridas expostas, o clube decidiu marcar seu aniversário com uma cerimônia simbólica, que consistiu em uma missa no CT Gustavo Paiva e um bolo simples — uma maneira de não deixar a data passar em branco, mesmo com o sentimento de luto pairando.
Memória e Orgulho Azulino
Apesar da crise, o CSA carrega uma história que inspira respeito e resistência. Com 40 títulos estaduais e o memorável vice-campeonato da Copa Conmebol em 1999, quando se tornou o primeiro clube nordestino a disputar uma final internacional, o clube também conquistou a Série C em 2017, reestabelecendo sua presença no cenário nacional.
Neste aniversário, os torcedores não celebram apenas o passado glorioso, mas renovam o compromisso com um futuro promissor. Para muitos, a data representa um marco — um apelo para unir forças, superar divisões internas e reconstruir o CSA a partir das lições aprendidas com a queda.
Reflexões de Dirigentes Históricos
A Gazeta conversou com ex-presidentes do clube para entender suas visões sobre o momento atual e as expectativas para o futuro. Arnon de Mello, que presidiu o CSA entre 1999 e 2001, enfatizou a importância de resgatar o significado do lema azulino. “Nos momentos desafiadores, o nosso lema mostra sua verdadeira força. Que esta data nos faça refletir: unidos, seremos capazes de nos reinventar e abrir caminho para novas vitórias”, destacou.
Abel Duarte, presidente entre 2003 e 2009, considera o cenário atual como um luto para o clube. “É um episódio triste na história do CSA. Estamos todos de luto e é com esse sentimento que celebramos nosso aniversário”, lamentou. Para ele, o foco deve ser a reconstrução. “É hora de fazer valer o lema, se planejar e buscar reerguer o Azulão.”
Rafael Tenório, que comandou o clube em várias gestões entre 2015 e 2023, fez um diagnóstico contundente: “A situação é caótica. O que vejo é semelhante ao que encontrei em 2015. Neste momento, não tenho interesse em voltar a presidir o CSA.”
Inquietação entre os Torcedores
Entre os torcedores, o sentimento é de inconformismo e cobrança. Verenildo José Barros de Farias, da Velha Guarda azulina, não hesitou em apontar a diretoria como responsável pela situação. “Acredito que o rebaixamento foi proposital. Esperamos que nas próximas eleições surjam candidatos capazes de reerguer o clube”, declarou.
Marcelo Jorge Rocha Santos compartilha da indignação: “Voltar para a Série D é absurdo! Que a junta diretiva resolva os problemas e marque a eleição para vermos quem poderá tirar o CSA dessa situação complexa.”
Ele também criticou a gestão do futebol, alegando que a diretoria não conseguiu prever a queda do clube, resultando neste inesperado rebaixamento.
Um Novo Começo à Vista
Ao celebrar 112 anos, o CSA encontra-se em uma encruzilhada. A dor do rebaixamento e a crise institucional desafiam a essência do clube, mas também abrem portas para uma reconstrução baseada em planejamento, humildade e união.
Embora este aniversário não traga festas, ele pode ser um ponto de virada. Agora é o momento para reavivar o hino, o lema e a história do CSA. Para que, em um futuro próximo, o Azulão volte a brilhar, tanto dentro quanto fora de campo.