Ações para a Estabilização do Solo em Maceió
A Braskem, gigante do setor petroquímico, aceitou a recomendação do Institut für Gebirgsmechanik (IFG), da Alemanha, para preencher com material sólido as dez minas de sal-gema ainda pressurizadas em Maceió. O relatório, acessado pela Gazeta, foi elaborado no dia 23 de julho e propõe medidas que visam a redução progressiva do afundamento do solo na região.
O geólogo Abel Galindo, um dos primeiros a alertar sobre os riscos da mineração de sal-gema em áreas urbanas, afirmou que “dentro de aproximadamente 10 anos, as áreas afetadas pela mineração poderão ser estabilizadas e, possivelmente, habitadas novamente”. Ele destaca que as minas precisam ser aterradas e monitoradas durante pelo menos uma década. “Se, após esse período, constatarmos que estão estáveis, o entorno poderá ser habitado”, acrescentou.
Em entrevista à Gazeta, a Braskem indicou que está aprofundando os estudos para viabilizar o planejamento e cronograma de implementação das recomendações. No último dia 29, a empresa informou à Agência Nacional de mineração (ANM) que o cronograma “será apresentado oportunamente no segundo semestre deste ano”.
Perspectivas de Longo Prazo e Monitoramento
Leia também: Geólogo Rebate Defesa Civil de Maceió sobre Rachaduras no Bom Parto e Mineração da Braskem
A ANM destacou que essa atividade será de médio a longo prazo, afirmando que “o preenchimento das cavidades minimiza a possibilidade de novos sinkholes”. A empresa mencionou que a subsidência já vem diminuindo com o tempo, e que, com o preenchimento, espera-se que essa redução seja gradual até a estabilização total. O IFG complementou que, em sua condição atual, as cavernas pressurizadas não apresentam risco de colapso do tipo sinkhole, mas alertou que a deterioração pode ser uma possibilidade no longo prazo, podendo causar migração ascendente da caverna.
Assim, o preenchimento dessas cavidades é uma estratégia essencial para garantir a segurança na área e evitar riscos futuros. O documento do IFG enfatiza que o processo de backfilling é uma medida eficaz para estabilizar fisicamente as minas.
Compromisso Social e Uso Futuro da Área
Com a perspectiva de estabilização das áreas afetadas pela subsidência, levantamos à Braskem questões sobre o futuro uso da região, considerando que a empresa agora possui os terrenos. Ela reiterou que está vinculada ao Termo de Acordo Socioambiental, firmado com o Ministério Público Federal, que a proíbe de construir nas áreas desocupadas para fins comerciais ou habitacionais. “Portanto, a decisão sobre o futuro da área não será exclusivamente da Braskem”, esclareceu a empresa.
Leia também: Geólogo Rebate Defesa Civil de Maceió sobre Rachaduras no Bom Parto e Mineração da Braskem
Recomendações Técnicas e Levantamentos
A nota técnica do IFG também reforçou a importância de manter o cronograma atual de preenchimento. O instituto sugere que novos levantamentos por sonar sejam realizados nas cavernas M28 (em até seis meses) e M31 (em até doze meses) para confirmar suas posições e volumes. O IFG destacou que, se houver evidências de migração ou deformação na caverna M31, o levantamento deve ser antecipado.
A caverna M31 é uma das maiores, com capacidade para cerca de 400 mil metros cúbicos, e está situada na encosta do Mutange. “Mesmo com uma espessa camada de sal, M31 se encontra despressurizada; a última sondagem disponível é de 2020, e uma nova avaliação é recomendada”, orientou o IFG.
Segundo a ANM, das 35 cavidades existentes, 14 já estão preenchidas (oito com areia e seis por autopreenchimento). A mina 18, que colapsou em dezembro de 2023, era inicialmente prevista para preenchimento com areia, mas a ANM concordou com a abordagem natural em virtude das circunstâncias.
Monitoramento Contínuo e Impactos Ambientais
No momento, dez minas permanecem pressurizadas, seis em fase de enchimento e cinco se preparando para o preenchimento, conforme informações da ANM. Até o dia 30 de junho, apenas uma mina, a mina 16, apresentou perda de pressurização, para a qual a Braskem já obteve autorização para o preenchimento com areia.
Em relação às minas preenchidas naturalmente, a ANM garantiu que estão estáveis e que não precisam de novos preenchimentos, incluindo a mina 18, que está em processo de fechamento. O estudo de impacto ambiental relacionado ao colapso da mina 18 não indicou passivos ambientais significativos, nem impactos à segurança da população próxima, destacando que as consequências foram restritas a uma área definida de aproximadamente 150 metros ao redor do buraco.
A ANM ainda esclareceu que os dados técnicos fornecidos pela Braskem não são auditados diretamente, mas devem ser acompanhados de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) emitida pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), assegurando a qualificação dos profissionais envolvidos. Além disso, todos os documentos passam por análise para fundamentar pareceres técnicos do Grupo de Trabalho GT-SAL, responsável pela fiscalizar as atividades de fechamento da mina, com a última inspeção realizada em junho de 2025, sem a identificação de anomalias que pudessem indicar riscos nas operações.