O Brasil como Pioneiro nas Inovações Financeiras
O renomado economista Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2008, publicou um artigo instigante nesta terça-feira (22), no qual exalta o sistema de pagamentos brasileiro, conhecido como PIX. Em sua análise, Krugman sugere que o Brasil pode estar à frente de muitos países ao delinear o futuro do dinheiro.
O economista, que leciona na Universidade da Cidade de Nova York, critica duramente a recente aprovação do Genius Act nos Estados Unidos — a primeira grande legislação sobre criptomoedas sob o governo de Donald Trump, que é um defensor desses ativos. Krugman questiona a eficiência e segurança dessa nova lei americana, afirmando que ela pode abrir espaço para fraudes e crises financeiras.
Críticas à Legislação Americana e Propostas para os EUA
Intitulado “O Brasil inventou o futuro do dinheiro?”, o artigo de Krugman critica a recente legislação dos EUA que também impede a criação de uma moeda digital do banco central (CBDC). Diferentemente das criptomoedas descentralizadas, como o Bitcoin, as CBDCs teriam a emissão controlada pelo Banco Central.
Os parlamentares republicanos, que se opõem à ideia das moedas digitais emitidas pelo Estado, alegam preocupações com a privacidade. Entretanto, Krugman sugere que o verdadeiro medo deles reside na possibilidade de que os cidadãos optem por moedas digitais ao invés de contas em bancos privados. Ele questiona a viabilidade de uma CBDC parcial, onde contas bancárias privadas coexistiriam com um sistema público eficiente para pagamentos.
O Sucesso do PIX e suas Implicações
Krugman menciona que o Brasil já está um passo à frente, com estudos no Banco Central para criar uma moeda digital que conviva com o real em papel. Ele salienta que o cadastramento da população no sistema PIX representa um dos primeiros passos nessa direção.
O economista observa que, embora muitos possam não considerar o Brasil um líder em inovação financeira, a realidade política do país é muito distinta da dos Estados Unidos, onde, por exemplo, ex-presidentes enfrentam julgamentos por tentativas de anulação de eleições.
Segundo Krugman, a iniciativa brasileira de criar uma CBDC começou com o lançamento do PIX em 2020, administrado pelo Banco Central. Ele compara o sistema a uma versão pública do Zelle, que opera através de um consórcio de bancos privados nos EUA, mas destaca que o PIX é muito mais amigável ao usuário e já alcançou 93% da população adulta brasileira, substituindo rapidamente o uso do dinheiro físico e dos cartões de crédito.
Comparações com as Criptomoedas nos EUA
O Nobel de Economia elogia o PIX por sua instantaneidade e baixos custos de transação, afirmando que o sistema brasileiro atinge o que os defensores das criptomoedas alegam ser o objetivo da tecnologia blockchain: promover inclusão financeira e transações com custos reduzidos.
“Enquanto 93% dos brasileiros utilizam o PIX, apenas 2% dos americanos recorreram a criptomoedas para efetuar compras ou pagamentos em 2024”, compara. Ele também menciona a falta de segurança nas transações com criptomoedas, enfatizando que o uso do PIX não cria incentivos para crimes relacionados a sequestros por causa de chaves criptográficas.
Desafios para uma CBDC nos EUA
Krugman conclui que a poderosa indústria financeira americana não está disposta a permitir o surgimento de uma moeda digital de banco central, refletindo a desconfiança dos republicanos em relação a iniciativas públicas em detrimento de soluções privadas. Ele sugere que outros países podem se beneficiar da experiência brasileira no desenvolvimento de sistemas de pagamento digital, mas expressa ceticismo de que os EUA adotem um modelo semelhante no curto prazo.
Recentemente, Krugman também fez críticas contundentes em relação ao aumento de tarifas imposto pelo presidente Trump ao Brasil, classificando essa medida como um “programa de proteção a ditadores” e afirmando que as tarifas representam um desvio das políticas econômicas tradicionais, que não possuem um fundamento econômico aparente.