Desarticulação de Golpes em Lotéricas
A Polícia Civil e o Ministério Público de Alagoas deram um passo significativo ao concluir a investigação que desvendou uma das maiores fraudes já registradas contra lotéricas no estado. A Operação Sorte de Areia resultou na desarticulação de uma organização criminosa especializada em aplicar o famoso “golpe do falso dono de lotérica”, que gerou prejuízos superiores a R$ 1 milhão apenas em Alagoas.
De acordo com as autoridades, o grupo criminoso utilizava uma combinação de tecnologias avançadas, redes sociais e bases de dados, tanto lícitas quanto ilícitas, além de ferramentas de inteligência artificial, para realizar seus golpes. Os criminosos estabeleciam contato com funcionários das lotéricas, principalmente por meio do WhatsApp, fazendo-se passar pelos proprietários dos estabelecimentos.
A investigação revelou que os suspeitos realizavam um trabalho meticuloso de levantamento de informações antes de aplicar os golpes, a que se referiam como “grades”. Nesse processo, coletavam dados detalhados, como nomes dos donos das lotéricas, informações sobre funcionários, números de telefone, fotos retiradas de redes sociais e dados internos das empresas. Com essas informações, os criminosos simulavam conversas convincentes, induzindo os funcionários a pagarem boletos falsos ou realizarem transferências de montantes elevados.
Em alguns casos, os valores envolvidos ultrapassaram centenas de milhares de reais em uma única transação. Em certas situações, uma lotérica chegou a ficar com saldo negativo expressivo, mas novas transferências ainda eram realizadas dias depois, o que demonstra a audácia do grupo.
No total, 52 pessoas foram indiciadas durante a investigação. Dentre elas, duas já se encontram presas, sendo que uma foi trazida de Goiás para Maceió. Outras cinco pessoas seguem foragidas, incluindo um jogador de futebol que atua fora do Brasil.
Entre os investigados está Daniel Costa Félix, de 28 anos, lateral-direito com contrato ativo em um clube da Eslováquia. Segundo a polícia, ele não era apenas um “laranja”, mas desempenhava funções estratégicas na organização criminosa, como a falsificação de comprovantes bancários e o recrutamento de pessoas para emprestar contas usadas no esquema.
As autoridades destacaram que a investigação foi oficialmente encerrada e agora os esforços estão concentrados na execução dos mandados de prisão que ainda estão pendentes, inclusive o do jogador que permanece no exterior.

