A Cultura Indígena como Pilar na Luta Contra a Destruição Ambiental
A diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), Juliana Tupinambá, trouxe à tona um ponto crucial na discussão sobre a crise climática durante a COP30: “A cultura é fundamental para a demarcação dos nossos territórios e assegura nossa forma de viver, pensar e agir, em contraste com as sociedades que nos cercam. Neste momento histórico, é a cultura que aponta caminhos para mitigar a destruição ambiental”. Essa declaração sublinha a relevância da participação dos povos indígenas na conferência e a importância do lançamento iminente do Plano Nacional das Culturas dos Povos Indígenas (PNCPI).
A manifestação de Juliana ocorreu na sexta-feira (14), durante um painel na Aldeia COP, um espaço promovido pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) na programação da COP30 em Belém (PA). Atuando como representante da Funai, ela participou de um debate com líderes indígenas, autoridades governamentais e conselheiros culturais, onde foi apresentada a versão preliminar do plano, desenvolvido em colaboração entre o Ministério da Cultura (MinC) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI).
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“Estamos ocupando espaços com nossos cocares e pinturas, debatendo políticas culturais dentro do governo. A visibilidade que a COP30 nos proporciona é verdadeiramente histórica”, destacou Tupinambá, enfatizando que discutir a cultura indígena é, na verdade, discutir a essência da existência e resistência dos povos originários.
O PNCPI surge como um documento essencial, definindo diretrizes para a proteção, valorização e disseminação das expressões culturais indígenas. Ele reconhece a cultura como um pilar da identidade e da luta pela preservação dos territórios. Este processo foi construído a partir de um amplo diálogo em aldeias e regiões diversas, reforçando a participação social nas políticas culturais.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ressaltou a importância da inclusão de todas as vozes na elaboração do PNCPI. “É crucial que cada pessoa tenha a oportunidade de contribuir. Não buscamos apenas um documento bem elaborado, mas um plano que seja vivido e sentido pelos povos indígenas do Brasil. Reafirmo meu compromisso, não apenas como ministra, mas como mulher indígena dedicada aos nossos direitos”, declarou.
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A conselheira Nacional de Cultura, Daiara Tukano, enfatizou que o PNCPI representa um marco histórico após séculos de políticas que tentaram apagar a cultura indígena. Ela recordou que, ao longo da história, a cultura indígena foi veementemente perseguida: “Queimaram nossos cocares, proibiram nossas línguas e destruíram nossos espaços sagrados. Continuamos lutando para que as sementes deixadas por nossos ancestrais continuem a florescer.”
Daiara ainda salientou que a política indigenista deve ser sustentada pela cultura como um território vivo. “Todos os nossos direitos são fundamentados na cultura. Nossa ciência é cultura, nossa saúde é cultura, e nossa educação também é. Não nos encaixamos em definições rígidas; somos uma sociedade diversa, composta por sementes e flores. Nosso papel é reflorestar a consciência coletiva.”
Ela também defendeu a valorização dos conhecimentos indígenas, a devolução de objetos sagrados e a criação de museus que representem cuidadosamente a cultura indígena. “É imprescindível um museu que contenha nossos objetos, nossas tradições e nossos nomes, pulsando junto conosco”, afirmou.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, reforçou que o novo PNCPI foi construído a partir de um processo de escuta ativa, envolvendo cerca de 80 mil cidadãos nas conferências e consultas que fundamentam o documento. “A política cultural não é feita apenas em gabinetes. Percorremos o país ouvindo gestores, grupos culturais e a sociedade civil. É assim que construímos políticas mais efetivas e representativas”, declarou.
Margareth também destacou o compromisso em tratar a cultura indígena como um eixo estratégico do Estado brasileiro. “Reconhecer a história dos povos originários dignifica o Brasil. A grandeza dessa cultura precisa ser celebrada. Ouvir cada um de vocês é uma verdadeira aula”, concluiu.

