Deputados Expressam Divergências sobre a Operação Contenção
Na última quarta-feira (29), deputados das federações Psol-Rede e PT-PCdoB-PV levantaram vozes de protesto em relação à Operação Contenção, levada a cabo pelas forças policiais do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha. Com o objetivo de desarticular as lideranças do Comando Vermelho, a operação resultou na morte de mais de 100 pessoas, levando os parlamentares a acusarem o governo fluminense de incitar uma verdadeira “chacina”. Durante uma coletiva na Câmara dos Deputados, eles pediram, de forma veemente, mudanças urgentes na política de segurança pública do estado.
O deputado Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, fez uma declaração alarmante, afirmando que a operação poderia ter causado mais de 200 fatalidades. “É a maior chacina do Brasil, superando a do Carandiru”, afirmou, referindo-se ao massacre ocorrido em 1992. Para ele, a situação representa algo constante, um ciclo de violência que se repete em diferentes ações policiais ao longo dos anos.
A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), líder do Psol, também se mostrou crítica em relação à operação, evidenciando a falta de planejamento das ações policiais. Segundo ela, o que está sendo feito para combater as organizações criminosas é, na verdade, um “banho de sangue” que, ao longo das décadas, tem devastado famílias e comunidades. “O governador Cláudio Castro demonstra ser incompetente e covarde ao adotar este modelo de segurança pública”, disparou.
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O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) reforçou a gravidade da situação, chamando a operação de “a mais letal da história do Rio de Janeiro”. Ele defendeu a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança como uma alternativa viável para estabelecer uma política de segurança que priorize inteligência e cidadania, em vez de operações violentas. “O governador insiste em um modelo falido; ele prefere a guerra ao diálogo e à integração”, criticou.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também fez ecoar essas críticas, afirmando que a política de segurança sob a gestão de Cláudio Castro é voltada para a violência e não para a proteção da população. “Um governo que utiliza o medo e a morte como ferramentas eleitorais não pode ser aceito. O Rio precisa de inteligência e planejamento”, enfatizou.
Reação dos Parlamentares a Favor da Operação
Em contrapartida, deputados de partidos de direita foram rápidos em defender a ação das forças de segurança. O deputado Rodrigo Valadares (União-SE) considerou a operação uma resposta necessária à escalada da violência e à presença do crime organizado. “Esses criminosos não respeitam a lei, e a polícia agiu para garantir a segurança das pessoas de bem”, declarou.
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O deputado Delegado Caveira (PL-PA) também se posicionou a favor, criticando aqueles que condenam as ações policiais sem compreender a realidade enfrentada pelos agentes. “É fácil criticar a polícia à distância. Na linha de frente, os policiais arriscam suas vidas todos os dias. O que ocorreu foi uma legítima defesa da sociedade”, afirmou.
O deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) elogiou o planejamento da operação, destacando a necessidade de ações firmes para reverter o controle de bandidos sobre os territórios. “A polícia estava agindo com base em informações de inteligência”, ressaltou.
Por outro lado, o deputado e pastor Otoni de Paula (MDB-RJ) se referiu à tragédia como um “teatro espetacular”, ressaltando que entre as vítimas estão jovens sem nenhuma ligação com o crime. “O verdadeiro problema do crime não está nas favelas, mas sim no dinheiro sujo que circula em negócios ilegais”, concluiu, clamando por uma estratégia mais eficaz.
Denúncias de Violação de Direitos Humanos
Familiares de vítimas e líderes comunitários, ouvidos pela Agência Brasil, relataram que a Operação Contenção foi marcada por práticas de tortura e execuções. De acordo com testemunhas, as abordagens policiais incluíram invasões nas comunidades e ações que bloquearam as saídas dos suspeitos. O confronto mais intenso ocorreu em áreas cercadas por agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), onde corpos foram encontrados com sinais de tortura.
No Complexo do Alemão, dezenas de corpos foram recuperados e dispostos em frente à associação comunitária na Praça São Lucas, de acordo com informações divulgadas. A Comissão de Direitos Humanos planeja visitar a região, bem como o Instituto Médico-Legal (IML) e outros órgãos, para acompanhar as investigações e ouvir o clamor das famílias afetadas.

