Análise da Dinâmica Política em Maceió
A Câmara Municipal de Maceió, repleta de vereadores alinhados ao prefeito João Henrique Caldas, não parece promissora quanto à aprovação de medidas significativas. Há uma forte presença de conchavos e servilismo que moldam as decisões sobre políticas públicas, levando a um cenário onde as demandas da prefeitura dominam o debate legislativo. Termos como “política pública” soam mais como uma convenção do que como uma prática real, onde o tradicional toma lá, dá cá reina soberano. Como diria um político local, “se melhorar, estraga”.
No ano anterior, em um movimento estratégico para reforçar sua reeleição, o prefeito fez uma jogada ousada ao transferir nove vereadores para o PL, partido que lidera em Alagoas. Essa manobra estava alinhada aos objetivos da extrema direita e ao bolsonarismo, tendências que, hoje, podem estar mudando de direção.
Ainda que tenha declarado apoio à reeleição de Lula, sobretudo após a nomeação de sua tia Marluce Caldas ao STJ, o filho de João Caldas parece determinado a manter controle sobre o PL. Recentemente, dois vereadores foram nomeados para ocupar cargos no secretariado, resultando na ascensão de dois suplentes para os mandatos, evidenciando a disposição de JHC em manter sua influência sobre o legislativo.
A pergunta que paira no ar é: todos os vereadores estão sob a tutela de JHC? Na prática, a resposta é sim, com algumas exceções dignas de nota. Existe uma ou outra voz dissidente em meio ao coro de conformismo, destacando-se o ex-prefeito Rui Palmeira como um dos opositores mais audazes na Casa.
Rui não é o único a desafiar essa atmosfera de conformismo. A vereadora Teca Nelma continua a se destacar por suas iniciativas independentes, apresentando projetos que fogem da mediocridade que tem se tornado comum na Câmara. Ela é uma das cinco mulheres em um universo de 22 homens, um cenário que intensifica ainda mais a necessidade de vozes alternativas.
Nos últimos anos, o ambiente legislativo, que já era limitado, se tornou insustentável com a ascensão de representantes da chamada “nova política”. Essa nova abordagem, inspirada por Bolsonaro, tem promovido uma erosão nas práticas legislativas. O governo federal, sob sua liderança, se caracteriza por ações questionáveis, como homenagens a milícias e tentativas de golpe, o que, de forma alarmante, tem reverberado na atuação dos vereadores locais.
Em meio a esse cenário, Teca Nelma merece uma menção especial. A vereadora não apenas é uma figura de resistência, mas também enfrenta o desafio de lidar com figuras como Leonardo Dias, um político que não esconde sua lealdade a ideais retrógrados. O comportamento deste vereador, que tenta constantemente dificultar o trabalho de Teca, reflete a resistência de alguns em aceitar o questionamento de suas práticas.
Infelizmente, a presença de homens que tentam reafirmar sua masculinidade a partir de práticas políticas reacionárias e truculentas torna o ambiente de trabalho ainda mais hostil. As expectativas para as eleições de 2026 já começam a gerar tensões que afetam o clima político na capital alagoana.
Por fim, a atual composição da Câmara, com seus representantes servilistas ao capitão em decadência, mergulhou ainda mais no que parece ser um pântano de desesperança. O nível de desalento atual talvez seja um dos mais altos já observados na história da Câmara Municipal de Maceió.