Novo Plano Diretor e seus Desafios
Um dos principais temas em debate no cenário urbano de Maceió é a atualização do Plano Diretor, documento fundamental para o planejamento e desenvolvimento da cidade. A revisão, que deveria ter ocorrido em 2015, está em atraso e é aguardada com expectativa pela população, que anseia por um modelo mais sustentável e adequado às realidades contemporâneas. Assim, torna-se evidente que o Plano Diretor da capital alagoana está com um déficit de 20 anos.
De acordo com a proposta do novo Plano Diretor, à qual a Tribuna teve acesso, a área afetada pela atividade de mineração da Braskem será classificada como Zona de Monitoramento e Reparação (ZMR). Essa zona contempla o bairro do Mutange e trechos dos bairros Bebedouro, Bom Parto, Farol e Pinheiro, reconhecidos por seu valor histórico, cultural e ambiental. A dinâmica urbana desses lugares foi severamente impactada pelo colapso de cavernas subterrâneas, resultado da exploração de sal-gema na região. O novo plano estabelece que não será permitido qualquer tipo de uso econômico, habitacional ou de lazer na ZMR durante a vigência do documento.
Instituto de Planejamento de Maceió e o Prazo de Revisão
A Tribuna contatou o Instituto de Planejamento de Maceió (Iplan), órgão responsável pela elaboração do Plano Diretor, para questionar sobre o prazo de apresentação do documento à Câmara Municipal. Em nota, a assessoria do Iplan informou que o Plano Diretor está em fase final de ajustes técnicos, etapa crucial para garantir a precisão e a coesão das diretrizes propostas. Assim que essa fase for concluída, o documento será enviado à Câmara de Vereadores com agilidade, possibilitando discussões e debates amplos com a sociedade, conforme destaca a nota.
Vereador Allan Pierre Defende Ações Eficazes
O vereador Allan Pierre, um dos principais defensores da revisão do Plano Diretor, tem se mostrado uma voz ativa nas discussões sobre o futuro de Maceió. Em uma entrevista exclusiva à Tribuna, ele comentou sobre os desafios que a cidade enfrenta, especialmente nas áreas impactadas pelo afundamento do solo, como os bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, afetados pela atividade da Braskem.
“A questão dessas áreas é extremamente delicada”, afirmou Allan Pierre. “O plano diretor, da forma como está sendo discutido, prevê que essas áreas, por enquanto, não sejam edificáveis. Elas precisam ser tratadas com cautela, principalmente pela história que carregam. Estamos falando de uma parte da cidade que foi devastada, mas que ainda carrega um legado cultural e social muito importante para as famílias que ali viveram por gerações.”
Uma Abordagem Cuidadosa para o Futuro
O impacto da mineração da Braskem em Maceió deixou marcas profundas, não apenas no solo, mas também na vida das pessoas que tiveram suas moradias e histórias afetadas. O vereador enfatiza a importância de uma abordagem minuciosa para o futuro da área, defendendo que, neste momento, o foco deve ser na recuperação ambiental e na preservação do espaço.
“É fundamental que essas áreas sejam mantidas preservadas e não se tornem alvo de especulação imobiliária. A cidade de Maceió é a verdadeira proprietária desses espaços. Não podemos permitir que isso se torne uma chance para construções desordenadas e sem planejamento”, declarou o vereador.
Allan Pierre também destacou a necessidade de ações concretas para a recuperação ambiental. “O plano diretor, até esse momento, não prevê medidas efetivas de preservação, como a criação de um parque urbano ou um memorial histórico. A recuperação do mangue, por exemplo, não pode ser simplesmente compensada. Não se pode substituir um metro de mangue plantando outro metro. Precisamos de soluções reais e eficazes”.
Revisão do Plano Diretor: Uma Necessidade Urgente
Outro aspecto abordado pelo vereador é a atual situação do Plano Diretor de Maceió. O último plano elaborado foi em 2005 e sua revisão estava prevista para 2015. Contudo, devido à morosidade e à complexidade do processo, a cidade completou 20 anos sem uma atualização formal.
“Maceió precisa urgentemente de um novo plano diretor. Estamos discutindo um plano que deveria ter sido revisto em 2015, e agora estamos em 2025, com uma cidade que já não é a mesma. A cidade cresceu e se desenvolveu, mas o plano não acompanhou esse crescimento”, enfatiza Allan Pierre.
O vereador ressaltou que, além da revisão das áreas afetadas pelo afundamento do solo, o plano requer uma análise abrangente para outras regiões da cidade, considerando a infraestrutura e o impacto ambiental. Na praia da Avenida, por exemplo, existem áreas onde a construção de prédios verticais é proibida, mas o plano atual ainda permite o avanço de construções no litoral norte, uma região com forte potencial turístico, mas que enfrenta problemas de infraestrutura e mobilidade urbana.