Decisão de JHC e Seus Impactos Políticos
O prefeito de Maceió, JHC (PL), anunciou que cumprirá seu mandato até 2029 e não se candidatará ao governo de Alagoas nas eleições do próximo ano. Essa informação, revelada pela jornalista Malu Gaspar, do O Globo, ocorre em decorrência de um acordo com o governo Lula, onde JHC prometeu não se candidatar em troca da indicação de sua tia, Maria Marluce Caldas Bezerra, para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A desistência de JHC contraria as expectativas do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que planejava lançar sua candidatura ao Senado Federal na chapa liderada pelo prefeito. A aprovação da indicação de Marluce pelo Senado, que ocorreu na última quarta-feira (13), com 64 votos a favor e nenhum contra, reforça a importância desse movimento. A atual procuradora do Ministério Público de Alagoas passou por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça acompanhada de perto por JHC.
A decisão de JHC de permanecer no cargo pode favorecer a família Calheiros no cenário político de Alagoas. Com a ausência do prefeito na disputa, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), pode ter um caminho mais tranquilo para concorrer novamente ao governo do estado, cargo que ocupou de 2015 a 2022.
As Consequências para Lira e o Cenário Político Estadual
Arthur Lira, que já é um adversário declarado do clã Calheiros, enfrenta agora uma nova configuração na corrida eleitoral. Com JHC fora da disputa, ele terá que competir diretamente com Renan Calheiros (MDB-AL). Em 2026, duas vagas para o Senado estarão em jogo, e além de Renan, outras figuras, como o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil) e Dantas, podem se juntar à corrida.
Para Lira, associar sua imagem a JHC como candidato ao governo seria uma estratégia importante, uma vez que o prefeito detém o maior colégio eleitoral do estado. Além disso, ele tem aparecido em pesquisas com índices de aprovação empatados com Renan Filho, o que torna sua candidatura ainda mais atraente para Lira.
Desde outubro de 2023, a vaga no STJ ocupada por Marluce estava disponível, mas a indicação pelo governo federal estava sendo adiada. A pressão de JHC e seus aliados pela nomeação aumentou, mas a decisão do governo de exigir um compromisso do prefeito em não se candidatar ao governo complicou a situação. Embora JHC não tenha se manifestado publicamente sobre o compromisso, é sabido que ele teve conversas com Lira antes de formalizar o acordo com Lula.
Compromissos e Desconfianças no Cenário Político
Nos últimos dias, fontes próximas ao prefeito informaram à jornalista Malu Gaspar que JHC está decidido a manter sua palavra dada a Lula e não se candidatar em futuras eleições. Apesar disso, em Alagoas, é comum ouvir entre aliados e adversários que a dificuldade está em compreender qual acordo JHC realmente cumprirá e quem poderá ser deixado de lado.
Um interlocutor próximo a Lira comentou sobre a situação: “Não dá para prever se, após a nomeação de Marluce, JHC realmente cumprirá a promessa feita a Lula, considerando seu histórico de promessas não cumpridas.” Essa afirmação reflete a incerteza que permeia o jogo político em Alagoas e destaca a complexidade das relações entre os principais atores envolvidos.
O desfecho dessa situação ainda está por vir, mas as implicações da decisão de JHC certamente moldarão o cenário político em Alagoas para os próximos anos. As ações do prefeito e suas consequências podem transformar radicalmente o campo eleitoral do estado, especialmente à medida que as eleições de 2026 se aproximam.