Consequências do fechamento da Braskem em Alagoas
A recente declaração de Roberto Ramos, presidente da Braskem, de que a empresa não irá mais explorar sal-gema em Alagoas foi vista como um indicativo do iminente fechamento das operações no estado. Este passo é significativo, uma vez que a indústria tem sido um pilar econômico crucial para a região. A confirmação de que o tamponamento abrange todas as minas perfuradas indica que a Braskem não contará mais com a principal matéria-prima necessária para a produção de PVC (policloreto de vinila) e soda cáustica. Estes produtos foram, há décadas, fatores decisivos para a instalação da empresa no bairro do Pontal da Barra, em Maceió. Agora, os rumores indicam que a Braskem poderia se limitar a processar sal importado de países como o Chile.
Especialistas em economia alertam sobre os enormes prejuízos que o fechamento da petroquímica pode trazer para Alagoas. Segundo a própria Braskem, sua produção no estado movimenta anualmente aproximadamente R$ 5,1 bilhões e gera cerca de 4,1 mil empregos diretos e indiretos. Além disso, a renda gerada pelas operações da empresa supera os R$ 960 milhões por ano, recursos que deixarão de circular na economia local. Cícero Péricles de Carvalho, economista, enfatiza que a continuidade das fábricas da Braskem em Alagoas é vital, não apenas como fonte de empregos, mas também como motor da cadeia plástico-química, oferecendo insumos para uma centena de indústrias locais, muitas delas de pequeno e médio porte.
fechamento e Impactos para os Colaboradores
Em entrevista ao UOL Líderes, no dia 29 de julho, Ramos afirmou que o processo de fechamento das minas de sal-gema está previsto para durar pelo menos dez anos. “Nós fechamos as minas e nunca mais vamos nos envolver na mineração, que era uma atividade que, na verdade, não tinha nada a ver com a nossa petroquímica”, disse ele, refletindo a mudança de direção da empresa. Desde que a exploração de sal-gema foi encerrada em 2019, por problemas geológicos que afetaram vários bairros de Maceió, a Braskem passou a importar sal do Chile como matéria-prima para sua indústria de cloro-soda.
Uma reportagem publicada pelo Estadão em 2023 destacou que essa operação já não é viável. Para que fábricas dessa natureza sejam rentáveis, é necessário que haja proximidade da matéria-prima e dos clientes. Com o término da extração de sal-gema e a ausência de clientes relevantes nas adjacências, a viabilidade desse modelo de negócios parece ter se esgotado, conforme informações de fontes ligadas ao setor.
Negociações e Transferências de Funcionários
O acidente geológico que causou o afundamento do solo em Maceió resultou em uma série de consequências para a Braskem, incluindo provisões que ultrapassam R$ 5 bilhões. Contudo, ainda há um acordo pendente com o governo de Alagoas, e o fechamento de uma planta na região poderia complicar ainda mais essas negociações.
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Desde que começaram a surgir rumores sobre o fechamento, os trabalhadores têm enfrentado a incerteza sobre seu futuro na empresa. Mesmo sem uma confirmação oficial da Braskem sobre a venda, desde o início de 2025, cerca de 50 colaboradores foram transferidos de Maceió para estados como São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul, fato que, segundo eles, reforça a percepção de que as atividades no estado estão sendo encerradas. O número de trabalhadores diretos da multinacional no Pontal, que anteriormente era de 170, está em declínio.
“O que dizem é apenas que essa transferência tem a ver com a hibernação de casas de células”, explicou um sindicalista, expressando a ansiedade entre os colaboradores. Ao longo de quatro dias, a reportagem buscou respostas da Braskem, tanto em Alagoas quanto em São Paulo. Embora a empresa tenha se mostrado disposta a dialogar sobre a situação, não respondeu às perguntas relacionadas ao encerramento das atividades no estado até o fechamento desta matéria.