Braskem Segue Recomendações de Especialistas
A petroquímica Braskem decidiu seguir as orientações do Institut für Gebirgsmechanik (IFG), da Alemanha, e começará o preenchimento com material sólido das dez minas de sal-gema ainda sob pressurização em Maceió. Essa ação, recomendada em um relatório datado de julho, visa diminuir o afundamento do solo na área, preocupante em função das atividades de mineração. De acordo com o estudo, a medida deverá trazer resultados a longo prazo.
O geólogo Abel Galindo, que fez a primeira denúncia sobre os riscos relacionados à mineração de sal-gema em áreas urbanas, acredita que em um prazo de aproximadamente dez anos, as regiões afetadas poderão ser consideradas seguras para habitação. “As minas precisarão ser aterradas adequadamente e monitoradas por pelo menos uma década para assegurar que estão estáveis”, enfatiza Galindo, ressaltando que, se verificadas condições de estabilidade, a volta da ocupação poderá ocorrer.
Em entrevista à Gazeta, a Braskem afirmou que tem se empenhado em aprofundar seus estudos, visando estabelecer um cronograma para implementar as recomendações do IFG. A empresa informou à Agência Nacional de mineração (ANM) que um cronograma detalhado será apresentado no segundo semestre deste ano.
Expectativas para a Estabilização do Solo
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A ANM declarou que o processo de preenchimento das minas será uma atividade de médio a longo prazo. Segundo a agência, “o preenchimento das cavidades é essencial para minimizar o risco de novos sinkholes. Documentos da Braskem apontam que, com o tempo, a subsidência já vem diminuindo”. A expectativa é que, conforme o preenchimento avança, essa subsidência também diminua gradualmente até que a área esteja estabilizada.
O relatório do instituto alemão salienta que as cavernas pressurizadas, em seu estado atual, não apresentam risco imediato de colapso. Contudo, alerta que há possibilidade de deterioração futura, o que poderia levar à migração hidráulica para camadas superiores. “O backfilling dessas cavernas é uma medida eficaz para assegurar sua estabilização física e eliminar potenciais riscos de sinkholes”, conclui o documento.
Com o objetivo de investigar o futuro uso da área afetada, a reportagem consultou a Braskem, que lembrou que um Termo de Acordo Socioambiental foi firmado com o Ministério Público Federal, que impede a construção em áreas desocupadas para fins comerciais ou residenciais. “A decisão sobre o futuro da região não cabe exclusivamente à Braskem”, reiterou a empresa.
Novas Medidas e Monitoramento
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A nota técnica do IFG também recomenda a manutenção do cronograma de preenchimento e alerta para a possibilidade de formação de buracos na superfície. Além disso, sugere a realização de novos levantamentos por sonar nas minas M28 e M31 para confirmar a posição e o volume dessas cavidades. “Se houver indícios de migração ou deformação na caverna M31, um levantamento por sonar deve ser antecipado”, alerta o relatório.
A mina M31, uma das maiores da região, possui um volume de aproximadamente 400 mil metros cúbicos e está localizada na encosta do Mutange. O IFG recomenda uma nova sondagem, uma vez que o último levantamento por sonar foi realizado em 2020.
Atualmente, entre as 35 cavidades existentes, 14 já estão preenchidas, sendo 8 com areia e 6 por autopreenchimento. A mina 18, que colapsou em dezembro do ano passado, foi preenchida naturalmente em função de circunstâncias excepcionais, embora inicialmente o plano fosse de preenchimento com areia. No último levantamento realizado em 30 de junho, 10 minas ainda permanecem sob pressão, com seis em processo de enchimento e cinco em preparação para tal.
Transparência e Fiscalização
Sobre a perda de pressurização, a ANM informou que apenas a mina 16 apresentou essa condição até o momento, para a qual a Braskem obteve autorização para preenchimento com areia. A ANM também garantiu que as minas preenchidas naturalmente estão estáveis, sem a necessidade de mais intervenções, incluindo a mina 18, que está em fase de elaboração do plano de fechamento da frente de lavra.
Os estudos de impacto ambiental indicam que o colapso da mina 18 não resultou em passivos de alta relevância nem em riscos para a população adjacente. Os impactos foram concentrados na Área Diretamente Afetada, com um raio de aproximadamente 150 metros a partir do local do colapso.
Por fim, a ANM esclareceu que os dados técnicos enviados pela Braskem não são auditados diretamente, mas devem ser acompanhados por Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do CREA, assegurando a qualificação dos profissionais envolvidos. Todos os pareceres técnicos elaborados pelo Grupo de Trabalho GT-SAL, que monitoram as atividades de fechamento das minas, são baseados em documentação analisada. A última fiscalização ocorreu em 5 de junho de 2025, sem a identificação de anomalias que indicassem riscos nas operações de fechamento das frentes de lavra.