Em entrevista à Mix FM, o deputado estadual Ronaldo Medeiros, candidato à presidência do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) em Alagoas, expressou preocupações sobre a atual administração da legenda no estado, a qual ele descreveu como uma “feudalização” do partido. Medeiros, líder da chapa Renova PT, enfatizou a necessidade de uma mudança significativa na direção do partido, promovendo uma maior inclusão das bases e das comunidades periféricas nas decisões e na gestão política. Ele concedeu a entrevista ao programa Jornal da MIX, da Rádio MIX Maceió FM, no dia 16 de agosto.
O parlamentar alertou que o PT em Alagoas enfrenta uma grave crise de representatividade, perdendo a conexão com a sociedade e os eleitores. Segundo ele, a legenda, que está sob o controle de um grupo há mais de 30 anos, precisa urgentemente de uma alternativa que permita a renovação e a diversificação de suas lideranças. Medeiros, que começou sua trajetória política em Palmeira dos Índios, onde fundou o diretório municipal do PT e também participou ativamente do movimento estudantil e da criação do Sindprev, argumenta que sua experiência o qualifica para liderar essa transformação.
Medeiros criticou a forma como as decisões no partido têm sido tomadas, afirmando que o PT vive “de decisões em salas pequenas”, distante de sua militância histórica. Ele defendeu a ideia de que o partido deve ser fiel aos seus princípios e valores, especialmente no contexto atual em que Maceió se destaca como a única capital do Nordeste onde o PT frequentemente perde as eleições presidenciais. Essa realidade, segundo ele, é um indicativo claro de que mudanças são necessárias.
Uma das principais propostas de Medeiros é restabelecer o diálogo com as bases do partido e promover uma verdadeira formação política que seja acessível a todos. Ele observou que atualmente a legenda tem escutado pouco as vozes de seus filiados, e que muitos se sentiram desconfortáveis com sua campanha de filiação, que parecia excluir aqueles que não se encaixavam em um perfil considerado “ideal”. Para ele, é fundamental investir na capacitação e no desenvolvimento de novos líderes, algo que, segundo Medeiros, foi negligenciado ao longo das últimas décadas em Alagoas.
Outro ponto levantado pelo deputado foi a crítica à atual gestão do PT, que ele descreveu como um feudo político. Ele afirmou que o partido precisa se abrir a críticas e sugestões se quiser evitar o seu contínuo declínio. “Ou o partido se expande, ou vai continuar definhando”, declarou, ressaltando a importância de uma gestão mais inclusiva e transparente.
Em termos de desempenho eleitoral, Medeiros destacou que sua votação como deputado estadual superou 30 mil votos, um número significativo comparado aos 7 mil votos do segundo candidato do PT. Ele enfatizou que a verdadeira marca de um líder é a capacidade de formar novos sucessores, algo que, segundo ele, está em falta no PT alagoano.
A chapa Renova PT se distingue por sua proposta de aliança ampla e horizontal, que visa criar um movimento inclusivo e participativo. Medeiros acredita que a candidatura não deve se basear em um nome específico, mas sim em um ideal de transformação que escute a militância e se conecte com a realidade das comunidades menos favorecidas.
Em nível nacional, mesmo com as divergências locais, Medeiros expressou apoio à candidatura de Edinho Silva para a presidência do PT, reconhecendo a importância do diálogo entre as diferentes tendências do partido. Ele acredita que essa harmonia deve ser replicada em Alagoas, fortalecendo a unidade do partido.
Sobre sua trajetória pessoal, Medeiros reconheceu que sua saída temporária do PT para se filiar ao MDB foi um erro. “Foi um grande equívoco”, admitiu, acrescentando que sua decisão de voltar ao partido foi motivada pela necessidade de combater o modelo centralizador que predominava.
Por fim, ele criticou a forma como o PT tem se relacionado com o governo estadual, afirmando que, embora a legenda ocupe cargos importantes, como nas secretarias de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Humano, não está efetivamente discutindo políticas que beneficiem a população. “Os acordos políticos devem ser voltados para o bem do partido e da sociedade, e não apenas para atender interesses de gabinete”, concluiu.
Medeiros também mencionou que considerou a possibilidade de se candidatar à Prefeitura de Maceió, mas decidiu não prosseguir ao perceber que não teria o apoio necessário. Ele agora foca em sua candidatura à presidência do diretório estadual, que ocorrerá em 6 de julho, dentro do Processo de Eleição Direta (PED) 2025. Para isso, ele pretende intensificar sua agenda de debates e eventos tanto na capital quanto no interior, com o objetivo de abrir as portas do PT e acolher as demandas da militância e da sociedade.