Investigação em Foco
Na manhã desta quarta-feira (16), policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) revelaram à TV Globo que a principal linha de investigação sobre os recentes ataques a ônibus na Grande São Paulo é a rivalidade entre empresas do setor de transporte urbano coletivo. Esse novo direcionamento se destaca em relação a outras duas hipóteses que também estavam sendo analisadas: a suposta conexão com o PCC (Primeiro Comando da Capital) e os desafios surgidos nas redes sociais.
As empresas cujos veículos foram atacados enfrentam dificuldades financeiras, acumulando altos custos de manutenção e multas da prefeitura devido à inatividade dos ônibus. Na última terça-feira (15), ao menos 36 veículos foram alvo de vandalismo em várias áreas da Grande São Paulo, incluindo zonas Oeste e Sul da capital, além de cidades como Osasco, Itapevi e Cotia.
A Prefeitura de São Paulo, juntamente com a SPTrans, confirmou que 26 ônibus foram depredados apenas na capital. Um dos incidentes ocorreu na Avenida João Jorge Saad, no Morumbi, onde uma criança ficou ferida devido a estilhaços de vidro.
Panorama dos Ataques
Desde o dia 12 de junho, o sistema municipal de transporte já contabiliza 466 ônibus depredados, gerando um clima de medo entre motoristas e passageiros. Enquanto os ataques antes se concentravam em horários noturnos, agora ocorrem em plena luz do dia. Um dos casos mais graves se deu na Zona Sul, onde uma passageira teve o rosto atingido por uma pedra, resultando em múltiplas fraturas.
No transporte intermunicipal, 289 incidentes de vandalismo foram registrados desde o início de junho, abrangendo 27 municípios da Região Metropolitana. Somente no último domingo (13), a capital paulista anotou 47 ataques, tornando-se o segundo dia mais violento da onda de depredações, que teve seu auge em 7 de julho, com 59 ocorrências.
Desdobramentos da Investigação
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A polícia também considera a possibilidade de um fenômeno de “contaminação”, onde pessoas não ligadas ao setor de transporte têm participado dos ataques. Até o momento, oito suspeitos foram detidos. No entanto, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, criticou a atuação da Polícia Civil, afirmando em entrevista à GloboNews que a investigação “está demorando” para identificar os responsáveis por essa série de ataques.
Em resposta à situação, a SPTrans emitiu uma nota solicitando que as concessionárias reportem todos os incidentes à central de operações e formalizem as ocorrências às autoridades policiais. Essa medida visa aumentar a segurança no transporte coletivo e proteger motoristas e passageiros diante da crescente onda de violência.