A crescente preocupação com a população em situação de rua em maceió, que atualmente representa um desafio significativo para a cidade, levou o vereador Thiago Prado, do Partido Progressista (PP), a solicitar um esforço maior do Município na ampliação da rede de apoio. Este apelo à prefeitura e a outras instituições públicas não é recente, mas ganhou força após o anúncio do Governo de Alagoas sobre a ampliação do número de vagas nos abrigos estaduais, uma resposta a um problema que se agrava a cada dia.
Estima-se que a população de rua em maceió ultrapasse 4 mil pessoas, com uma composição alarmante: cerca de 83% são homens e 17% são mulheres. Um aspecto preocupante é que mais de 80% dessa população enfrenta problemas de dependência química, demandando um atendimento intersetorial que aborde não apenas a saúde, mas também a cidadania e o acolhimento. “O crescimento da população em situação de rua é alarmante. Saber que o Governo de Alagoas está aumentando o número de vagas em abrigos e na oferta de tratamento de saúde é uma boa notícia, mas é crucial que este problema seja tratado em níveis municipal, estadual e federal”, afirma o vereador, enfatizando a necessidade de uma abordagem integrada para enfrentar essa questão complexa.
Prado destaca a preocupação com a falta de infraestrutura adequada para atender a essa população vulnerável. Atualmente, maceió conta apenas com um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em funcionamento, o que evidencia a carência de serviços de saúde mental na capital. A situação se complica ainda mais com o aumento da violência e dos arrombamentos na cidade, que, segundo ele, refletem a urgência de se criar políticas públicas direcionadas ao acolhimento e à reintegração social. “Precisamos urgentemente de mais vagas para internação, aluguel social, abrigos e uma política habitacional eficaz”, alerta o vereador.
Na semana anterior, o Governo de Alagoas anunciou que o número total de vagas em abrigos estaduais seria ampliado para 600, incluindo aquelas disponibilizadas pela Prefeitura. Esta medida visa enfrentar o crescimento da população em situação de rua em maceió, um reflexo das dificuldades socioeconômicas que afetam a cidade. Setores como hotelaria e gastronomia têm pressionado o poder público a implementar ações mais efetivas para o remanejamento das pessoas em situação de vulnerabilidade para os abrigos disponíveis.
A Prefeitura de maceió tem mobilizado equipes de abordagem social que circulam pela cidade, oferecendo vagas em abrigos nas áreas alta e baixa, além de atendimento nos três Centros Pop localizados em Jaraguá, Prado e Benedito Bentes. No entanto, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (semdes) aponta que muitos indivíduos, especialmente aqueles que enfrentam problemas de dependência química, têm rejeitado o acolhimento, o que dificulta ainda mais a resolução desse problema.
Um levantamento das secretarias envolvidas na questão revela que a população de rua em maceió é majoritariamente composta por homens (83%) e que a faixa etária predominante é de 18 a 39 anos (48%), seguida por aqueles entre 40 e 59 anos (42%). Apenas 10% são idosos ou crianças. A maioria dos indivíduos nesta situação (62%) nasceu em maceió, e um dado preocupante é que 54% deles não completaram o ensino fundamental, com apenas 8% tendo finalizado o ensino médio. A renda média diária dessa população gira em torno de R$ 25, proveniente de pequenos trabalhos informais e esmolas.
Dados recentemente divulgados indicam que os principais fatores que levam as pessoas a viver nas ruas incluem desemprego, rupturas familiares e, em muitos casos, dependência química (53%) e transtornos mentais (28%). Além disso, 21% relatam ter enfrentado violência doméstica, enquanto 25% não possuem documentação atualizada, o que dificulta o acesso a benefícios sociais.
A situação da população de rua em maceió é agravada pela alta incidência de doenças como infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), hanseníase e hipertensão, além da constante exposição a furtos, agressões e aliciamentos para a prática de delitos. Esses dados ressaltam a urgência de ações coordenadas e efetivas por parte das autoridades para oferecer não apenas abrigo, mas um suporte integral e dignidade a essa parcela da sociedade.