**alagoas: Protegendo as Águas e a Fauna Nativa**
alagoas, um estado brasileiro cujo nome é de origem indígena e significa “terras alagadiças” ou “lugar de muitas lagoas”, é um território rico em recursos hídricos. No entanto, essa riqueza natural enfrenta sérios desafios, principalmente devido à exploração predatória promovida pelo ser humano. Nesse contexto, a Polícia Militar de alagoas desempenha um papel crucial na proteção das espécies nativas, ameaçadas pela ação desmedida do homem. O Pelotão Aquático do batalhão ambiental, com uma atuação focada na prevenção e fiscalização, é responsável por garantir a preservação da fauna local e a manutenção do equilíbrio ecológico.
A sede do grupamento, estrategicamente localizada às margens da lagoa Mundaú, entre os municípios de maceió e Marechal Deodoro, é equipada com dois barcos e dois jet skis. Esses veículos são essenciais para o patrulhamento das vastas extensões do complexo lagunar que envolve a capital e a Região Metropolitana de maceió. Além das lagoas, o pelotão também se desloca para rios localizados no interior do estado, ampliando sua área de atuação. Segundo o tenente Delmiro, responsável pelo grupamento, as operações são voltadas principalmente para a prevenção de crimes ambientais, com ênfase na pesca predatória, que coloca em risco a biodiversidade aquática.
“O nosso trabalho é realizado por meio de patrulhamento embarcado, especialmente nas áreas das Lagoas Mundaú e Manguaba. As ações de policiamento são intensificadas em locais frequentemente visitados por pescadores e marisqueiros. Além disso, realizamos operações em conjunto com outros órgãos de fiscalização para detectar irregularidades e crimes ambientais”, afirmou o tenente.
**Resultados e Impacto das Operações de Fiscalização**
Nos primeiros cinco meses de 2025, o batalhão ambiental já havia realizado 29 operações de fiscalização em rios e lagoas de alagoas. Essas iniciativas resultaram no resgate de 51 animais que foram capturados de forma ilegal. De acordo com o batalhão, a maior parte das infrações se deve à utilização de equipamentos inadequados para a captura de espécies aquáticas.
“A principal irregularidade está relacionada ao tamanho da malha das redes de pesca. Se a malha for menor que a permitida, ela acaba prendendo também filhotes e outras espécies que ainda não estão em fase de captura, o que afeta diretamente a reprodução futura dessas espécies”, explicou Franklin, um dos profissionais do batalhão.
Outro método prejudicial à pesca sustentável é o uso do chamado “candango”, um artefato criado por pescadores que forma um funil ao atar a rede em estacas de madeira, resultando na captura indiscriminada de todas as espécies presentes na área, sem respeitar as normas de pesca. Nos últimos dois anos, 41 candangos foram eliminados das águas por meio das ações do Pelotão Aquático.
As estatísticas da Polícia Militar revelam que as cidades ao redor do complexo Mundaú-Manguaba são as mais afetadas por crimes ambientais relacionados à pesca com apetrechos proibidos. Nos últimos dois anos, foram registrados 96 chamados em maceió, Marechal Deodoro e Pilar, com quase 70% das ocorrências concentradas em Marechal Deodoro, município banhado pelas duas lagoas.
Para combater esses problemas, o batalhão ambiental intensificou suas atividades de fiscalização nas cidades afetadas. Ao todo, foram realizadas 116 operações nos últimos dois anos, resultando na identificação e punição de 142 indivíduos, dos quais 136 enfrentaram sanções administrativas e seis foram presos.
**Espécies em Perigo e a Importância da Preservação**
Entre as espécies ameaçadas na região das Lagoas Mundaú e Manguaba, o caranguejo se destaca como um símbolo local que sofre com a captura irregular. Dados do setor de estatística da Polícia Militar revelam que mais de 1.080 caranguejos foram apreendidos pelo batalhão ambiental entre os anos de 2023 e 2024, sendo 670 da espécie uçá e 415 guaiamuns. A portaria nº 395, implementada pelo Governo Federal em março de 2016, visa proteger a população de caranguejos, proibindo sua pesca durante o período reprodutivo. O Instituto do Meio Ambiente de alagoas (IMA) informa que o período de defeso do caranguejo-uçá ocorre entre dezembro e março, em luas cheia e nova, enquanto a pesca do guaiamum é totalmente proibida desde 2020. Mesmo com essas restrições, o batalhão ambiental já recolheu quase 400 quilos de caranguejo entre 2023 e 2024, evidenciando a necessidade de uma vigilância constante. Os manguezais, habitat natural do caranguejo, também foram o local mais frequente para flagrantes de crimes ambientais, com 40 registros em dois anos.
O sargento Franklin enfatiza que a pesca predatória é um crime ambiental sério, com penas que podem variar de até três anos, podendo se estender a cinco anos se houver o uso de explosivos ou substâncias químicas. As consequências legais incluem também sanções administrativas, com multas que podem chegar a 100 mil reais, dependendo da gravidade da infração.
**A Importância da Denúncia e da Participação Popular na Preservação**
A bordo da embarcação “Mundaú”, a mais recente aquisição do batalhão ambiental, as equipes realizam abordagens que resultam na apreensão de apetrechos ilegais e no resgate de animais capturados de forma irregular. Com 18 anos de atuação no Pelotão Aquático, o sargento Franklin destaca que o conhecimento técnico é fundamental para o sucesso no combate à pesca predatória. “Não se trata apenas de sair com o barco de forma aleatória. Precisamos considerar uma série de fatores naturais e humanos que influenciam essa prática criminosa. Um deles é a tábua da maré, já que muitos pescadores atuam quando a maré está estável”, explica.
Devido à vasta área que abrange o complexo Mundaú-Manguaba, os infratores frequentemente recebem avisos de olheiros sobre a chegada das embarcações de fiscalização. Por isso, o sargento ressalta a importância de formalizar denúncias ao flagrar crimes ambientais. “Embora possamos presenciar essas práticas, muitas vezes os infratores conseguem fugir pela extensão dos manguezais, deixando para trás seus materiais”, acrescenta.
A população pode contribuir para a preservação do meio ambiente através de canais de denúncia, como o 190 para flagrantes e o 181 para denúncias anônimas. O batalhão ambiental disponibiliza ainda um número funcional (82) 98833-5879, que pode ser utilizado via WhatsApp para receber informações sobre atividades ilegais. Para uma atuação mais eficaz, o sargento Franklin recomenda que as denúncias sejam acompanhadas de detalhes que ajudem na identificação dos infratores, como a cor do barco e o tipo de apetrecho utilizado. Essa colaboração é essencial para fortalecer a proteção das espécies e a conservação dos ecossistemas aquáticos de alagoas.