Ela tinha uma paixão inabalável pelo mar, que era seu refúgio e lugar predileto. Renata Maria Lima Silvério, uma professora de 28 anos e uma pessoa de grande importância para sua família, era admirada por sua dedicação aos estudos e ao trabalho, sempre em busca de realizar seus sonhos. Para sua irmã, Francielle Priscila Silvério de Souza, Renata era a essência que unia a família. Infelizmente, a vida de Renata foi interrompida tragicamente no dia 7 de junho, quando estava grávida de dois meses. Ela sofreu um acidente ao cair da moto que pilotava e foi atropelada por um caminhão na Avenida Fernandes Lima, no bairro da Gruta de Lourdes, em Maceió.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Trânsito, sob a coordenação do delegado Carlos Reis. Em declarações recentes, Reis compartilhou que as investigações iniciais indicam que um motociclista estava trafegando em alta velocidade, buzinando constantemente para que Renata saísse do caminho. O motociclista levava um garupa, que carregava um pacote, que acabou caindo na pista durante uma manobra. O delegado detalhou que o pacote passou sobre a moto de Renata, provocando a perda de equilíbrio dela e fazendo com que ela caísse na frente de um caminhão que vinha em alta velocidade.
Reis também ressaltou a importância de esclarecer se as buzinadas do motociclista tinham a intenção de alertar Renata sobre o objeto que havia caído ou se eram uma tentativa de intimidá-la. A investigação busca compreender as circunstâncias que levaram a essa tragédia.
Francielle relembra com carinho que a irmã sempre foi uma figura central na vida da família. Em uma conversa profunda, ela compartilhou que Renata tinha um desejo genuíno de ver todos ao seu redor unidos e que escolheu a educação infantil como sua vocação, onde se destacou como a tia favorita das crianças. “Ela era incrivelmente paciente e dedicada. Quando não estava em sala de aula, estava cuidando de nossa mãe, ajudando nosso pai ou brincando com sua cachorrinha”, afirmou Francielle.
Desde a infância, Renata sonhava em ser mãe de gêmeos, e esse sonho parecia finalmente estar à beira da realização. “Só soubemos da gravidez após sua morte. Ela havia compartilhado a notícia apenas com nosso pai, pois queria surpreender a família. Infelizmente, não conseguimos testemunhar a realização do seu maior sonho”, lamenta Francielle, emocionada. Além do desejo de ser mãe, Renata também tinha o sonho de se tornar veterinária, mas as circunstâncias a levaram a escolher outro caminho. “Na época, o curso não era oferecido na UFAL, e não havia como ela se manter em outro estado. Mesmo assim, seu amor pelos animais nunca desapareceu”, recorda sua irmã.
A maior dor para Francielle é a percepção de que muitos planos e sonhos de Renata ficaram inacabados. “Quando penso nela, imagino tudo que ela poderia ter vivido. Fico me perguntando se ela seria uma mãe tão incrível quanto foi como irmã, filha e amiga. O que mais me machuca é não ter visto ela realizar isso”, desabafa.
A família de Renata não aceita a ideia de que sua morte foi apenas um acidente. Francielle enfatiza que todos sabiam da habilidade de condução da irmã, que sempre dirigia com prudência e respeitando os limites de velocidade. “Ela nunca havia caído de moto. O que aconteceu foi resultado de imprudência e falta de empatia. Apenas porque ela era uma mulher pilotando uma moto, acharam que a pressa deles era mais importante do que a vida dela”, afirma.
Francielle também destaca que, mesmo com várias testemunhas presentes, até o momento ninguém foi responsabilizado pela tragédia. “Antes de o caso ganhar atenção, era tratado apenas como mais um acidente. Mas não foi isso. Minha irmã não merecia esse destino. O homem que tirou a vida dela e dos filhos que ela esperava continua livre, enquanto ela está enterrada. É revoltante”, expressa com indignação.
Enquanto as investigações prosseguem, a família de Renata se mobiliza para garantir que essa tragédia não seja esquecida e continua fazendo apelos por justiça, buscando visibilidade para o caso e esperança de que a verdade prevaleça.