A soprano brasileira Gabriella Di Laccio foi reconhecida com a prestigiosa honraria de Membro da Ordem do Império Britânico (MBE), uma das mais significativas condecorações concedidas pela família real britânica. Este reconhecimento destaca suas notáveis contribuições para a música, além de seu papel ativo na promoção da igualdade de gênero. A inclusão de Gabriella na lista de 2025 é parte de um grupo de 492 cidadãos que receberam a mesma distinção, refletindo o compromisso da coroa com a valorização de talentos que impactam a sociedade de maneira positiva.
Nos últimos anos, a lista de agraciados com o título de MBE incluiu nomes renomados, como as cantoras adele e M.I.A., o cantor ed sheeran, a atriz Emilia Clarke, e o famoso jogador de futebol Harry Kane, além dos icônicos membros dos Beatles. Em um total, 1.216 indivíduos foram homenageados neste ano, incluindo o ex-jogador David Beckham, o ator Gary Oldman e o cantor Roger Daltrey, vocalista da lendária banda The Who, que também foram elevados ao título de cavaleiro da coroa.
Tradicionalmente, a entrega desses títulos acontece no aniversário do rei britânico. Embora o rei charles iii tenha nascido em 14 de novembro, a cerimônia é comumente realizada em maio ou junho, aproveitando o clima mais ameno do hemisfério norte. Ao receber a honraria, Gabriella expressou sua profunda emoção e gratidão, afirmando que “receber um MBE é uma honra imensa e um marco profundamente emocionante na minha trajetória profissional, com um significado ainda maior para mim como artista brasileira”.
Em suas redes sociais, a soprano dedicou essa conquista a todas as mulheres que vieram antes dela, que abriram caminhos e a inspiraram ao longo de sua jornada. “Dedico esta conquista a todas as mulheres cujas vozes foram silenciadas ou esquecidas, e cujas músicas ainda esperam ser ouvidas”, escreveu. Ela também enfatizou que esse reconhecimento serve como um estímulo para continuar sua luta por uma indústria musical mais inclusiva. “Acredito profundamente no poder transformador da arte. Que esta conquista também inspire outras pessoas a fazerem o mesmo”, completou.
Nascida no Rio Grande do Sul, Gabriella Di Laccio possui também nacionalidade italiana. Sua formação inclui estudos em canto lírico na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) e uma pós-graduação no Royal College of Music, em Londres. Além de suas apresentações como solista, a artista participou de renomadas montagens de óperas clássicas, incluindo “As Bodas de Fígaro”, “La Bohème” e “Don Giovanni”, consolidando sua posição no cenário operístico.
Em 2018, Gabriella foi reconhecida como uma das mulheres mais inspiradoras e influentes no setor musical pela BBC. Pouco antes desse reconhecimento, ela fundou a Donne, uma organização dedicada a criar oportunidades equitativas para mulheres na indústria da música, com foco especial em compositoras que não receberam a atenção merecida ao longo da história. Essa iniciativa busca não apenas valorizar essas artistas, mas também promover um ambiente mais justo e representativo.
Em 2024, a Donne organizou o evento Let Her Music Play, que fez história ao entrar para o Guinness como a transmissão ao vivo de um show acústico mais longa, com mais de 26 horas de performances de mulheres e pessoas não-binárias. Atualmente, Gabriella também atua como pesquisadora na York St John University, onde investiga maneiras de impulsionar mudanças sistêmicas na indústria musical, utilizando a performance e o ativismo baseado em dados como ferramentas de transformação.
Os títulos da coroa britânica são concedidos a indivíduos que realizam feitos extraordinários ou prestam serviços significativos ao país. Qualquer cidadão pode ser indicado para receber uma honraria, mas a decisão final sobre quem será agraciado e qual tipo de título será concedido é responsabilidade de um comitê, que submete a lista ao primeiro-ministro e, por fim, ao rei para aprovação. O reconhecimento de Gabriella Di Laccio, portanto, não é apenas uma homenagem a sua carreira, mas um reflexo do impacto positivo que a arte e a defesa da igualdade de gênero podem ter na sociedade contemporânea.