**Exposição Reflorilha: Arte Popular e Sustentabilidade em maceió**
Em abril de 2025, maceió será palco de um evento que une arte popular e consciência ambiental: a exposição “Reflorilha: Exposição Sustentável da Ilha do Ferro”. Este projeto inovador tem como objetivo principal conectar maceioenses e turistas ao fascinante universo do sertão alagoano, destacando a rica cultura do artesanato local e sua intersecção com práticas sustentáveis. A mostra apresentará uma variedade de peças artesanais elaboradas com madeira de Nim, uma espécie considerada invasiva na caatinga, mas que, paradoxalmente, representa uma alternativa ecológica valiosa para os artesãos da região, permitindo a preservação das madeiras nativas.
Ana Sandes, produtora do evento, ressalta a importância da exposição para a Ilha do Ferro, afirmando que “este projeto integra práticas sustentáveis ao artesanato local, ajudando a preservar o ecossistema e a fortalecer a economia da região”. Ao todo, 34 artistas da Associação de Artesanato em Madeira da Ilha do Ferro estarão envolvidos, apresentando suas obras de forma que o público possa apreciar não apenas a beleza das peças, mas também a mensagem ambiental que elas carregam.
A madeira de Nim, originária da Índia, é conhecida por sua capacidade de invadir ecossistemas, prejudicando a biodiversidade local. Embora seu uso na confecção de artesanatos seja uma solução alternativa, a espécie causa sérios danos à fauna, tornando-se um desafio ambiental significativo. Ana Sandes explica que “a madeira de Nim tem efeitos nocivos nos insetos polinizadores e pode ser abortiva para alguns animais, comprometendo a fauna local”. Assim, a utilização dessa madeira pelos artesãos se torna um experimento inovador, com o potencial de transformar um problema ambiental em uma oportunidade de criação sustentável.
O projeto visa explorar a madeira de Nim como um recurso renovável, permitindo que as madeiras nativas tenham tempo para se regenerar e crescer, promovendo assim a recuperação do ecossistema caatinga. Para os artesãos da Ilha do Ferro, essa é uma chance de não apenas expor e comercializar suas criações, mas também de reforçar o compromisso com a sustentabilidade. “Ao trazer esta exposição para maceió, proporcionamos uma interação mais rica entre o público e os artesãos, oferecendo uma experiência cultural educativa que enfatiza a relevância da preservação ambiental”, afirma Sandes.
A exposição “Reflorilha” não apenas gera renda para os artesãos, mas também tem um impacto positivo na comunidade local ao promover a conscientização sobre práticas sustentáveis. A iniciativa ajuda a fortalecer a identidade cultural da Ilha do Ferro, ao mesmo tempo em que educa o público sobre a importância da preservação do ecossistema.
Além da exposição, os artesãos também se dedicam ao replantio das espécies utilizadas em seus produtos, uma ação vital para restaurar a biodiversidade local. O replantio é uma estratégia que visa garantir a continuidade da matéria-prima, enquanto contribui para a regeneração do ecossistema caatinga. “Buscamos equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, enfrentando a ameaça que a madeira de Nim representa”, explica Ana Sandes. “Através de iniciativas sustentáveis, garantimos que a economia local se desenvolva sem comprometer a saúde dos ecossistemas da caatinga, valorizando ao mesmo tempo a identidade cultural da comunidade”.
A exposição é uma realização de Ana Sandes, viabilizada por meio da Lei Aldir Blanc, com o apoio da Secult/AL e de parceiros como a Agência Sururu, Casa Tanto, Mobilize e Okan. Todos os artesãos que participam da “Reflorilha” pertencem à Associação do Artesanato em Madeira da Ilha do Ferro, unindo forças para criar um evento que celebra a arte, a sustentabilidade e a cultura local.
Ao visitar a exposição, o público não apenas apreciará peças únicas e criativas, mas também se tornará parte de um movimento maior que busca promover a sustentabilidade e a preservação ambiental, garantindo que as futuras gerações possam desfrutar da rica biodiversidade do sertão alagoano. “Reflorilha” é, portanto, mais do que uma simples exposição de arte; é uma celebração do potencial transformador da arte popular e da responsabilidade ambiental.