**Milícias e Facções Criminosas em Alerta: A Nova CPI do Senado e suas Implicações**
No dia 17 de junho de 2025, o Senado brasileiro anunciou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as atividades de milícias e facções criminosas, gerando apreensão entre esses grupos. A proposta foi apresentada pelo senador Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e tem como idealizador o senador Alessandro Vieira, de Sergipe. A expectativa em torno dessa CPI é alta, e muitos se perguntam quais serão os desdobramentos dessa investigação.
Esta iniciativa reflete uma das principais prerrogativas do Legislativo: a capacidade de investigar questões que afetam a sociedade. O foco da CPI será a crescente influência das milícias no Brasil, um problema que se intensificou ao longo das últimas duas décadas, especialmente nas grandes cidades. O fenômeno da ascensão do crime organizado não é novo e já rendeu até produções cinematográficas, como o famoso filme “Tropa de Elite”, que retratou a realidade violenta do Rio de Janeiro.
No passado, houve uma CPI dedicada a investigar as milícias cariocas, que, sob a relatoria do ex-deputado Marcelo Freixo, trouxe à tona nomes de políticos proeminentes envolvidos com o crime. No entanto, apesar do alarde inicial, as consequências foram limitadas. Embora algumas prisões temporárias tenham ocorrido, as mudanças efetivas foram quase inexistentes, e a situação se tornou ainda mais caótica. Um exemplo chocante da impunidade é que líderes milicianos passaram a receber homenagens de figuras políticas influentes, demonstrando a profunda conexão entre o crime e a política.
A experiência da CPI das Bets também levanta questões sobre a eficácia de tais comissões. O senador Alessandro Vieira acredita que a nova CPI poderá resultar em propostas de novas legislações para fortalecer o combate a esse grave problema social. Contudo, essa crença é questionada, uma vez que a história legislativa do Brasil é repleta de tentativas de contornar questões complexas com soluções superficiais. Muitas vezes, as reformas propostas acabam sendo apenas um “enxugar gelo”, sem trazer mudanças significativas.
Recentemente, o Ministério da Justiça apresentou um ambicioso plano para enfrentar o crime organizado, que inclui alterações constitucionais. No entanto, essa proposta enfrentou resistência no Congresso Nacional e entre governadores, que preferem evitar discussões que possam demandar um longo processo de implementação e que não garantem resultados eleitorais imediatos. Em contraste, o efeito de uma CPI, com suas transmissões ao vivo e cobertura intensa da mídia, oferece uma solução mais rápida e visível, embora muitas vezes superficial.
O verdadeiro potencial de uma CPI reside em sua capacidade política. Para que uma investigação tenha sucesso, é essencial que atraia a atenção da imprensa e do público, gerando um clima de urgência e relevância. Quando isso acontece, as expectativas são altas e a pressão sobre os envolvidos aumenta. Contudo, essa visibilidade nem sempre se traduz em resultados efetivos. Na prática, muitas CPIs acabam se desviando do foco inicial, resultando em cenários onde a politicagem prevalece sobre a busca pela justiça.
Portanto, a nova CPI do Senado sobre milícias e facções criminosas é um passo importante na luta contra o crime organizado no Brasil, mas também é fundamental que a sociedade acompanhe de perto os desdobramentos. A esperança é que essa comissão não se torne mais uma oportunidade para discursos vazios, mas sim um catalisador para mudanças concretas na legislação e na maneira como o Estado enfrenta o crime organizado. Afinal, a verdadeira mudança só ocorrerá quando houver um compromisso genuíno de todos os envolvidos em transformar as promessas em ações efetivas. O futuro da segurança pública brasileira pode depender do sucesso ou fracasso dessa CPI. Que a sociedade esteja atenta e exija resultados.