A Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) revelou detalhes sobre o trágico assassinato de Marcela Valentina de Souza, uma mulher trans que foi morta após um envolvimento extraconjugal com o suspeito identificado como mandante do crime. Informações indicam que Marcela ameaçou expor o relacionamento ao cônjuge do suspeito, o que pode ter motivado o ato violento.
Segundo o delegado da Divisão de Homicídios e Proteção às Pessoas (DHPP), Eduardo Guerra, Marcela foi brutalmente assassinada com golpes de marreta na cabeça. O autor material do crime teria recebido a quantia de R$ 10 mil para executar o homicídio, dos quais R$ 5 mil foram pagos antecipadamente, e o restante seria quitado após a consumação do ato.
O delegado explicou que o mandante atraiu a vítima por meio de uma ligação telefônica, solicitando que ela se dirigisse a um local onde estava sendo realizada uma obra. Tanto o executor quanto o mandante trabalhavam nesse local. Ao chegar, Marcela foi surpreendida pelo executor, que a convidou a entrar, alegando que o mandante a aguardava. Assim que ela entrou, o executor desferiu de dois a três golpes com uma marreta de demolição, levando a vítima a perder a consciência. Apesar de Marcela ainda respirar, o executor não se sentiu capaz de desferir o golpe fatal, conforme relatado por Eduardo Guerra.
O caso gerou grande repercussão na sociedade, levando os suspeitos a cortarem laços entre si para evitar a identificação. Na terça-feira, 17 de outubro, o autor material do crime foi detido em Chã de Bebedouro, Maceió, enquanto o mandante já havia sido preso em 25 de maio, durante uma operação policial no bairro Clima Bom. A vítima foi encontrada sem vida, coberta por uma lona, nas proximidades de uma escola no bairro de Jatiúca, em Maceió.
A polícia também destacou a relevância do Disque-Denúncia 181 como um recurso importante para a resolução de crimes e para a proteção da comunidade. Exames realizados pelo Instituto Médico Legal (IML) confirmaram que a causa da morte foi traumatismo craniano, provocado por um objeto contundente, corroborando a gravidade da agressão.
Marcela, natural de Tocantins, era maquiadora e havia se mudado recentemente para Maceió, onde buscava novas oportunidades em sua carreira. Uma nota fiscal encontrada em sua bolsa indicava que ela havia almoçado em um shopping dois dias antes de seu assassinato, o que sugere que estava levando uma vida normal e ativa.
Além disso, imagens de câmeras de segurança capturaram um momento crucial: um homem, supostamente o autor do crime, foi visto empurrando um carrinho de mão, que, acredita-se, continha o corpo de Marcela. Esse detalhe visual se torna um elemento significativo na investigação, levantando questões sobre a logística do crime e a possível premeditação dos envolvidos.
A brutalidade deste caso não apenas destaca a violência enfrentada por pessoas da comunidade LGBTQIA+, mas também coloca em evidência a necessidade de um sistema de justiça mais eficaz e empático. A luta por justiça por parte de Marcela e de tantas outras vítimas deve ser um chamado à ação para a sociedade, para que se promova um ambiente mais seguro e acolhedor para todos, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual.
Este crime horrendo reitera a importância de se discutir abertamente a violência de gênero e suas consequências. A sociedade deve se unir para exigir mais segurança e respeito às vidas das pessoas LGBTQIA+, bem como para garantir que casos como o de Marcela não fiquem impunes. A mobilização social e a conscientização sobre esses temas são essenciais para promover mudanças significativas e duradouras.