Em uma ação contundente contra a criminalidade organizada, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) requisitou uma pena total de quase 255 anos de prisão para oito indivíduos denunciados no dia 9 de junho, no contexto da Operação Trapaça. Esta operação, que visa desmantelar uma organização criminosa envolvida em fraudes complexas, exploração de jogos de azar online, lavagem de dinheiro e manipulação de rifas, foi liderada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (Gaesf). A denúncia aponta para a existência de um esquema sofisticado que se aproveita da vulnerabilidade dos apostadores.
A investigação inicial concentrou-se no cassino virtual denominado “Fortune Tiger”, também conhecido como o jogo do tigrinho, que ganhou notoriedade através de campanhas promocionais massivas realizadas por influenciadores digitais. De acordo com os documentos apresentados pelo Gaesf, a organização criminosa é liderada por um ex-policial militar que exibia um estilo de vida luxuoso nas redes sociais, promovendo links e grupos de apostas, além de estar envolvido em rifas manipuladas em colaboração com outros influenciadores mencionados na denúncia. Essas práticas não apenas evidenciam a lavagem de dinheiro, mas também a manipulação deliberada de rifas.
A denúncia ressalta a fraude nas rifas promovidas nas plataformas sociais, indicando que os sorteios eram manipulados para favorecer membros da organização criminosa, prejudicando os participantes legítimos. O promotor de Justiça e coordenador do Gaesf, Cyro Blatter, enfatizou que essa conduta, além de ser ilegal, demonstra o caráter enganoso das atividades dos criminosos, que utilizavam promessas fraudulentas de prêmios para atrair vítimas e legitimar o esquema ilícito. Essa situação levanta preocupações sobre a segurança e a integridade das apostas online e das rifas, além de evidenciar a necessidade de um controle mais rigoroso sobre essas atividades.
Dentre os denunciados, estão indivíduos que possuem vínculos diretos com o suposto líder da organização criminosa, incluindo o proprietário de veículos de luxo utilizados pelo líder, sua esposa — que também promove jogos e rifas — e um sócio de uma das empresas sob investigação. A denúncia ainda levanta indícios de fraudes bancárias e a utilização de “laranjas” para esconder ativos, como automóveis de alto valor registrados em nome de terceiros, mas que eram exibidos nas redes sociais dos acusados como parte de uma ostentação enganosa.
Ao todo, foram denunciados oito influenciadores digitais, com o Ministério Público solicitando uma condenação de 77 anos e cinco meses para o líder da organização. Para os outros sete denunciados, as penas somam 177 anos e dois meses, totalizando impressionantes 254,7 anos de reclusão. Essa ação representa um passo significativo na luta contra a lavagem de dinheiro e outras práticas ilícitas que afetam a ordem econômica e social.
Cyro Blatter destacou que, com essa nova denúncia apresentada pelo Gaesf, o Ministério Público de Alagoas reafirma seu compromisso com o combate à criminalidade organizada, à lavagem de dinheiro e à manipulação de rifas, promovendo a proteção da sociedade e a integridade do sistema econômico. O nome da Operação Trapaça é um reflexo claro do engano perpetrado contra as vítimas, que são levadas a acreditar que participar de jogos de apostas pode resultar em uma ascensão econômica rápida, uma ilusão que não corresponde à realidade devido à fraude subjacente.
O Gaesf é um órgão composto por membros do Ministério Público do Estado de Alagoas, da Secretaria de Estado da Fazenda, da Procuradoria-Geral do Estado, das Polícias Civil e Militar de Alagoas, da Secretaria de Estado da Ressocialização e Inclusão Social, e da Polícia Científica. Essa colaboração interinstitucional é fundamental para o fortalecimento das ações contra a criminalidade, assegurando que práticas ilegais sejam identificadas e punidas de forma eficaz, protegendo assim a sociedade alagoana de fraudes e abusos.