Em entrevista concedida à Mix FM, o deputado estadual Ronaldo medeiros, que se apresenta como candidato à presidência do diretório do partido dos Trabalhadores (PT) em alagoas, fez duras críticas à atual liderança da legenda no estado. Ele descreveu o PT como um “partido de gabinete” e defendeu a necessidade de uma renovação na sua direção, que permita maior inclusão das bases e da periferia. Liderando a chapa Renova PT, medeiros falou sobre suas propostas e visões em uma conversa com o Jornal da MIX, na Rádio MIX Maceió FM, nesta terça-feira (16).
medeiros destacou que o PT em alagoas enfrenta uma preocupante crise de representatividade, o que resulta em uma desconexão com a sociedade alagoana. Ele enfatizou que a condução do partido precisa passar por mudanças significativas, uma vez que, segundo ele, o grupo que atualmente está no poder ocupa a liderança há três décadas.
“Minha trajetória no PT começou em Palmeira dos Índios, onde fundei o diretório municipal e também sou um dos fundadores do Sindprev. Venho do movimento estudantil, e essa experiência me habilita a concorrer à presidência. O comando do partido tem sido exercido pelo mesmo grupo por 30 anos. A hora da alternância chegou”, declarou ele.
O deputado argumentou que o PT local “vive de decisões em salas pequenas”, o que tem prejudicado sua conexão com a militância. “Precisamos garantir que o PT de alagoas reflita a essência do PT do Lula. Atualmente, a legenda se acomodou e se fechou. É preocupante que Maceió seja a única capital do Nordeste onde o PT frequentemente perde nas eleições presidenciais. Isso revela um sinal preocupante”, acrescentou.
medeiros ressaltou que sua principal proposta é ouvir as bases e oferecer uma formação política genuína. “Hoje, o partido escuta muito pouco. Nossa campanha de filiação causou desconforto em alguns porque tentaram selecionar quem tem ou não ‘DNA petista’. Precisamos investir na formação de novos líderes, com capacitação presencial e diálogo direto. Essa prática foi abandonada em alagoas há décadas”, explicou.
O deputado também criticou a estrutura atual do partido, que, segundo ele, se transformou em um “feudo”, onde a crítica não é bem-vinda. “O PT precisa escolher entre expandir sua base ou continuar a definhando no cenário político”, alertou.
Quanto ao desempenho nas eleições, medeiros fez questão de destacar que obteve mais de 30 mil votos para deputado estadual, superando o segundo colocado da legenda, que teve apenas 7 mil votos. “Um verdadeiro líder deve se preocupar em construir sucessores, e isso não está acontecendo no PT de alagoas“, afirmou.
A chapa Renova PT se distingue por ter formado uma aliança ampla e horizontal, segundo medeiros. “Nossa candidatura não é baseada em um único nome, mas em um movimento coletivo. Queremos um PT que escute suas bases e se conecte com a realidade das comunidades periféricas”, ressaltou.
No cenário nacional, mesmo com as divergências em nível local, medeiros expressou seu apoio a Edinho Silva como candidato à presidência nacional do partido, afirmando que o diálogo entre as tendências é possível e deve ser replicado em alagoas.
Ao ser questionado sobre sua saída do PT para se filiar ao MDB no passado, medeiros admitiu que foi um erro. “Foi um grande equívoco e enfrentei muita perseguição por isso. Sempre apoiei figuras como Haddad e Dilma. Meu retorno ao partido foi motivado pela necessidade de combater um modelo de partido centralizado em um único gabinete”, refletiu.
Ele também criticou a maneira como o PT tem se relacionado com o governo estadual, afirmando que, embora o partido tenha cargos na Semarh e na Semudh, não há discussão sobre políticas públicas com a sociedade. “Os acordos políticos devem ser feitos visando o benefício do partido e da população, e não apenas para atender interesses pessoais”, enfatizou.
Por fim, medeiros revelou que considerou a possibilidade de se candidatar à Prefeitura de Maceió, mas decidiu recuar ao perceber que não teria o apoio necessário. “Senti que o grupo não me apoiaria, então optei por focar minhas energias na disputa interna”, concluiu.
As eleições para o diretório estadual do PT estão marcadas para o dia 6 de julho, dentro do Processo de Eleição Direta (PED) 2025. Até lá, o deputado promete intensificar sua agenda de debates, com eventos programados tanto na capital quanto no interior. “É hora de abrir a sede do PT e o coração do partido para trabalhar em prol da coletividade”, finalizou.