O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), através do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (Gaesf), apresentou uma denúncia no dia 9 de março, no contexto da Operação Trapaça, que investiga uma organização criminosa (Orcrim) envolvida em fraudes complexas, exploração de jogos de azar online, lavagem de dinheiro e manipulação de rifas. A ação penal solicita a condenação de oito indivíduos, cujas penas, quando somadas, podem ultrapassar 255 anos de prisão, evidenciando a gravidade dos crimes cometidos.
A investigação inicial concentrou-se no cassino virtual denominado “Fortune Tiger”, conhecido popularmente como o jogo do tigrinho. Esse jogo ganhou notoriedade por meio de campanhas agressivas realizadas por influenciadores digitais, que promoveram sua popularização nas redes sociais. De acordo com a denúncia elaborada pelo Gaesf, a organização criminosa é liderada por um ex-policial militar, que levava um estilo de vida luxuoso nas mídias sociais, promovendo links e grupos de apostas, além de estar diretamente envolvido em rifas manipuladas com a colaboração de outros influenciadores que também foram denunciados. Essas atividades se entrelaçam com práticas de lavagem de dinheiro, criando um esquema complexo e abrangente.
A denúncia também ressalta a manipulação de rifas realizadas nas redes sociais, onde há fortes indícios de que os sorteios eram fraudulentos, beneficiando exclusivamente os membros da Orcrim e prejudicando os participantes legítimos. “Essa prática, além de ser ilegal, evidencia a natureza enganosa das atividades criminosas, que utilizam promessas fraudulentas de prêmios para atrair vítimas e legitimar suas operações ilícitas”, afirmou Cyro Blatter, promotor de Justiça e coordenador do Gaesf.
Entre os denunciados, estão o proprietário formal de veículos de luxo utilizados pelo suposto líder, sua esposa – que também participa da divulgação de jogos e rifas – e um sócio de uma das empresas sob investigação. A denúncia ainda aponta indícios de fraudes bancárias e o uso de “laranjas” para ocultar bens, como automóveis de alto padrão registrados em nome de terceiros, mas que são exibidos nas redes sociais dos investigados como se fossem propriedade deles.
No total, oito influenciadores digitais foram denunciados. Para o líder da Orcrim, o Ministério Público requereu uma condenação de 77 anos e cinco meses. Já para os outros sete denunciados, as penas somam 177 anos e dois meses de prisão, resultando em um total de 254,7 anos de reclusão para todos os envolvidos.
“Com mais essa denúncia proposta pelo Gaesf, o Ministério Público de Alagoas reafirma seu compromisso inabalável com o combate à criminalidade organizada, à lavagem de dinheiro, à manipulação de rifas e à proteção da ordem econômica e social”, destacou Cyro Blatter, ressaltando a importância das ações do Gaesf na luta contra a criminalidade.
A Operação Trapaça, iniciada em dezembro do ano anterior, faz referência ao engano perpetrado contra as vítimas, que são levadas a acreditar que os jogos de apostas podem proporcionar uma ascensão econômica rápida, uma ilusão que esconde a realidade das fraudes e manipulações que permeiam esses jogos.
O Gaesf é composto por membros do Ministério Público do Estado de Alagoas, da Secretaria de Estado da Fazenda, da Procuradoria-Geral do Estado, além das Polícias Civil e Militar de Alagoas, da Secretaria de Estado da Ressocialização e Inclusão Social e da Polícia Científica. Essa colaboração interinstitucional é fundamental para fortalecer as ações de combate a atividades criminosas que afetam a sociedade e a economia, garantindo um ambiente mais seguro e justo para todos.